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‘Esperamos a retirada dos invasores’, diz presidente da Urihi Associação Yanomami sobre expectativas do Governo Lula
Junior Yanomami, presidente da Urihi Associação Yanomami (Reprodução)
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16 de janeiro de 2023
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – O garimpo ilegal é um dos principais problemas enfrentados por comunidades indígenas em toda a região da Amazônia Legal. Durante os últimos quatro anos, a flexibilização de leis que garantiu a exploração próximo a terras indígenas intensificou ainda mais as invasões do garimpo.
A última delas, assinada pelo então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Heleno, dias antes de finalizar o Governo Bolsonaro, deu aval para assentimento prévio da mineração na faixa de fronteira da Terra Indígena Yanomami, localizada em Roraima (RR).
Terra Indígena Yanomami (Leonardo Prado/PG/FotosPúblicas/2015)
Degradação ao meio ambiente, envenenamento, aumento da violência e diversas outras atrocidades têm sido vivenciadas pelos povos indígenas, em consequência das atividades garimpeiras. Por isso, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido tão emblemática quando o assunto são os povos originários. O combate ao garimpo ilegal e ao desmatamento estiveram entre as principais pautas de campanha de Lula.
Junior Hekurari Yanomami, presidente da Urihi Associação Yanomami, disse à REVISTA CENARIUM que espera como principal medida do atual governo a retirada dos invasores e maior assistência sanitária.
“Esperamos medidas de fortalecimento no Território Yanomami, a começar pela retirada dos invasores que atuam, diariamente, no garimpo ilegal. É preciso fazer um novo recenseamento da população e reestruturar o Distrito Yanomami, para que as ações integrais de saúde sejam reestabelecidas“, pontua Junior.
Junior Yanomami, presidente da Urihi Associação Yanomami (Reprodução)
Segurança e Saúde
Atualmente, a T.I Yanomami enfrenta frequentes problemas na assistência à saúde, registrando mortes pela demora na prestação de socorro. “Nosso território é de difícil acesso, ainda mantemos povos isolados, e as regiões são distantes umas das outras, sendo necessário o uso de meio aéreo para resgates e locomoção dos profissionais de saúde que atuam nas comunidades“, disse Junior Hekurari.
No último dia 29 de dezembro, quatro crianças Yanomami morreram em decorrência da falta de resgate aéreo. Na época, a aeronave havia sido recolhida para troca de uma peça. Segundo Hekurari, outra deveria ser colocada no lugar, o que não aconteceu.
Além disso, dados parciais da Comissão Pastoral da Terra apontam quatro mortes de indígenas, em 2022, por conflitos de terra na T.I Yanomami. Conforme o levantamento, a Amazônia Legal responde por mais da metade do total de conflitos, no campo, registrados no período de janeiro a outubro de 2022.
Crianças tomando banho em um rio com água contaminada por mercúrio, numa região da TI Yanomami conhecida como Xitei (Dário Kopenawa/Reprodução)
Mudança de postura
Em um dos primeiros atos de seu governo, o presidente Lula revogou o Decreto N° 10.966, de 11 de fevereiro de 2022, que instituía o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala, assinada pelo ex-presidente Bolsonaro.
A medida era considerada uma facilitadora do garimpo ilegal em terras indígenas e a revogação, realizada no 1° dia de janeiro, marcou uma mudança de postura na proteção de terras indígenas. Outro ponto forte é a criação do Ministério dos Povos Indígenas, hoje, liderado por Sonia Guajajara, bem como a escolha de uma indígena, Joenia Wapichana, para comandar a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
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