Estilista suspeito de encomendar órgãos humanos já esteve com indígenas do Vale do Javari, no AM

Arnold Putra esbanja vida de luxo nas redes sociais e já esteve em passeio com indígenas na Amazônia (Reprodução/Redes Sociais)

Bruno Pacheco — Da Revista Cenarium

MANAUS — O estilista indonésio Arnold Putra, suspeito de encomendar órgãos humanos de Manaus para Singapura, na Ásia, já esteve em um passeio a aldeias indígenas da etnia Yagua, próximo ao Vale do Javari, região do extremo Oeste do interior do Amazonas.

Além disso, internautas chegaram a compartilhar imagens em que o estilista aparece presenteando os povos indígenas com produtos de grife. A suspeita é que Putra fazia a troca dos presentes por restos humanos e itens valiosos de sua cultura. Em uma das publicações de Putra, o indonésio chega a escrever sobre o preço do relógio que deu a um dos chefes de uma aldeia.

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“Troquei presentes locais com o chefe da tribo indígena Yagua, da Floresta Amazônica, avaliado em US$ 3,5 milhões em seu pulso”, escreveu o estilista, em uma das publicações. Após a repercussão do caso, Putra desativou a função pública do Instagram e limitou a visualização das postagens apenas para amigos.

Vida de luxo

Arnold esbanja uma vida de luxo nas redes sociais. No Instagram, ele possui mais de 65 mil seguidores e é famoso por participar de eventos de moda com artigos feitos por ele e colecionar carros caros. Entre os itens confeccionados pelo homem, está uma bolsa feita com línguas de jacaré e uma espinha de uma criança, segundo o site ucraniano The Sun.

A bolsa causou indignação online depois que foi feita, pela primeira vez, em 2016 (Reprodução/Instagram)

Nas redes sociais, Arnold Putra também é conhecido como o “Rich Kid of Instagram“, ou seja, o “Garoto Rico do Instagram“, na tradução livre para o português brasileiro. O apelido surge em meio às fotografias do homem ao lado de veículos luxuosos e dentro de jatos particulares que ele usa para viajar. Segundo o The Sun, o estilista disse ter uma maiores coleções de carros da Indonésia.

Putra disse ter uma das maiores coleções de carros da Indonésia (Reprodução/Instagram)

‘Nada suspeito’

“Sempre foi um professor bem disponível. Nunca vi/ouvi nada suspeito dele”. O relato é de uma estudante de Medicina da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que preferiu não se identificar com medo de represálias, sobre o professor Helder Bindá Pimenta. A jovem é ex-aluna do educador, alvo da ‘Operação Plastina’, deflagrada pela Polícia Federal do Amazonas (PF-AM), onde Helder é investigado por tráfico internacional de órgãos humanos.

Segundo a jovem, ex-aluna do professor de Anatomia, Helder tinha boa relação com os estudantes e tratava todos com respeito. O educador foi afastado nessa terça-feira, 22, por 30 dias da UEA, onde ocupava o cargo de coordenador do Laboratório de Anatomia Humana.

Segundo a estudante, o professor sempre foi estudioso e bem conceituado (Reprodução/Redes Sociais)

“Sempre tive uma relação professor-aluna, dentro dos limites, com respeito. Ele tinha boa relação com os alunos. Ficamos surpresos [com a operação da PF]. Todo mundo ficou. Ninguém esperava. Ele sempre foi estudioso, bem-conceituado. O sentimento que fica é de tristeza, porque não condiz com a minha experiência na faculdade”, lamentou a estudante.

Fase inicial

A operação da PF-AM cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do suspeito e no laboratório de Anatomia da universidade. Um computador e peças anatômicas tratadas por meio de plastinação foram apreendidos. Segundo as investigações, há indícios de que uma mão e três placentas de origem humana foram enviadas de Manaus com destino a Singapura, na Ásia. O destinatário era o famoso designer indonésio Arnold Putra.

Em nota, a defesa técnica do professor disse nessa terça-feira, 22, que ele irá contribuir com as investigações da Polícia Federal, mas esclareceu que o educador é apenas investigado em processo de fase inicial, não havendo nenhuma condenação.

“O mesmo encontra-se afastado de suas funções para melhor apuração dos fatos, e irá contribuir com a investigação, estando à disposição das autoridades para prestar todo e qualquer esclarecimento. Dessa forma, refutamos qualquer juízo de valor antecipado e repudiamos qualquer tipo de ofensa, calúnia e inverdades, que venha a prejudicar sua reputação”, diz o texto, assinado pela advogada Greysa Moraes Fragoso.

Helder

Professor da UEA desde 2014, Helder Pimenta é graduado em Fisioterapia, especializado em Unidade de Terapia Intensiva e Educação Médica, mestre em Ciências Biomédicas e doutorando em Ciências Morfofuncionais pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Pimenta também é sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Anatomia, membro regular da International Society for Plastination (ISP) e membro da American Association of Anatomists“.

Em 2019, o professor ficou entre os dez melhores no Congresso Experimental Biology, em Orlando, nos Estados Unidos, com o estudo do seu doutorado, intitulado “Evaluation Of The Effect Of Angico Polysaccharid Anadenanthera colubrina (Vell.) In Experimental Model Of Intestinal Mucosite Induced By 5-Fluorouracil In Mice”.

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