Estudantes da Amazônia conquistam 494 medalhas na maior olimpíada científica do Brasil

Os estudantes do Norte trouxeram mais de quatrocentas medalhas divididas entre ouro, prata e bronze, conquistadas na 17ª Obmep (Divulgação)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Estudantes de sete Estados da Amazônia legal ganharam 494 medalhas na 17ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, a Obmep. O evento é realizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e contou com a participação de mais de 18 milhões de estudantes. A primeira fase foi realizada no mês de junho e a segunda aconteceu no mês de outubro de 2022. Os estudantes ganharam medalhas de ouro, prata e bronze. O Estado do Amazonas ficou em primeiro lugar, com 122 medalhas. O Pará veio logo atrás com 105.

O símbolo da Obmep estampa uma competição salutar entre os estudantes de todas as regiões do Brasil (Divulgação)

Em terceiro lugar, ficaram empatados os Estados de Rondônia e Roraima, cada um com 66 medalhas. Já o Acre e o Amapá ficaram em quarto lugar, com 61 medalhas cada. Tocantins ficou em quinto com 13. Para o professor de física, matemática e engenharia mecânica, Denny Nogueira, a vitória do Amazonas reforça o avanço do conhecimento na Região Amazônica. “É uma vitória das ciências exatas e eu, como profissional da área, fico feliz. É uma grande vitória”, comemorou.

Para o professor, a conquista demonstra que houve um crescimento do aprendizado e que este precisa ser potencializado ainda mais pelos governantes. “O número de medalhas obtidas na olimpíada nacional de matemática demostra que estamos no caminho certo para a expansão de crescimento das ciências exatas no Amazonas. Mas, é preciso investir cada vez mais em estruturas, mão de obra qualificada e equipamentos adequados para que, cada vez mais, nossos estudantes tenham acesso a um ensino exato de qualidade”, ponderou.

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A competição matemática envolve as escolas públicas de todo o País, e na 17ª edição mais de 18 milhões de estudantes participaram (Reprodução/Internet)

Roraima

Lindeval de Lima, matemático e professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), comentou, em entrevista para a CENARIUM, o resultado do evento no Estado. “Em parte, esse resultado se deve pela participação dos programas PIC – Programa de Iniciação Científica e ONE – OBMEP nas Escolas, sendo que o primeiro é ofertado para medalhistas e, também, menção honrosa, e o segundo é dirigido para alunos que não alcançaram medalhas“, detalhou.

Lima destaca que as iniciativas científicas alcançam alunos e professores, sem fazer distinção entre os que “aprendem” e “ensinam” a disciplina matemática, já que o objetivo é capacitar todos. “Nesse caso, o ONE atua, diretamente, nas escolas, com professores que recebem um treinamento e repassam a esses alunos. Veja a importância que é, pois, não só os alunos são treinados, mas também os professores“, explicou o matemático.

Para o professor, popularizar a matemática é fundamental. Ele destaca que matemática é importante em todas as áreas do conhecimento e que o objetivo principal, nesses programas, é a preparação dos alunos adquirindo um bom raciocínio lógico. “Com certeza, vão estar aptos a tomarem decisões certas, independente da área que cada um seguir no futuro“, salienta Lindeval de Lima.

O professor Lindeval de Lima e um dos estudantes medalhistas da Obmep, a olimpíada brasileira que vem estimulando o estudo da ciência exata (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Qualificação

Ainda segundo o mestre, é necessário qualificar mais os profissionais da educação. “É preciso uma melhor qualificação dos professores da rede pública, e isso a Obmep vem fazendo por meio do programa ONE. Aqui em Roraima, o número de escolas agraciadas com esse programa foi mínimo, devido à falta de recursos. O Itaú já informou que esse ano vai haver um corte de verbas, o que nos preocupa, pois tendo mais bolsas para professores, mais escolas poderão ter acesso ao programa e, assim, vamos capacitando mais alunos e professores da rede ao mesmo tempo“, conta.

Já o professor em matemática Max Ferreira, também da federal de Roraima, destaca que o resultado mostra que a matemática está deixando, aos poucos, de ser considerada “um tabu” no ensino brasileiro. “Essa resistência estabelecida ainda nos primeiros anos de vida estudantil ajudou a dificultar o ensino da matemática e criou uma resistência cultural a essa magnífica e fundamental ciência, chamada de ciência exata. A matemática é, na verdade, um patrimônio do conhecimento humano”, enalteceu.

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