Estudo do Reino Unido mostra que vencer a Copa do Mundo eleva o PIB em 0,25%

A conclusão faz parte de uma pesquisa do economista Marco Mello, que corrobora uma série de trabalhos realizados anteriormente (Ricardo Oliveira/CENARIUM)
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO – Diante da expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro desacelere neste segundo semestre e fique próximo do zero a zero no início de 2023, o País tem mais um motivo para torcer por uma vitória no mundial de futebol do Qatar.

Um estudo da Universidade de Surrey, no Reino Unido, mostra que vencer a Copa do Mundo da Fifa aumenta o crescimento do PIB em pelo menos 0,25 ponto percentual nos dois trimestres seguintes à vitória.

A conclusão faz parte de uma pesquisa do economista Marco Mello, que corrobora uma série de trabalhos realizados anteriormente.

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O resultado é impulsionado, principalmente, pelo incremento nas exportações. O economista destaca, como exemplo, o que ocorreu no Brasil após a conquista do pentacampeonato de 2002. No levantamento, foram consideradas as últimas seis copas, de 1998 a 2018.

Torcedor veste camisa da seleção autografada enquanto acompanha o jogo de Brasil x Suíça, no Rosewood, hotel de luxo localizado em São Paulo (Karime Xavier/Folhapress)

O trabalho também constata que não há efeitos significativos sobre o crescimento do PIB para o País anfitrião, justamente aquele que faz o investimento mais relevante na competição.

Um estudo publicado em 2006 mostrou que o País-sede só se beneficia com a competição quando este é também o campeão, como aconteceu, por exemplo, com Inglaterra (1966), Alemanha (1974), Argentina (1978) e França (1998) — o que reforça o efeito positivo para o vencedor.

Segundo Mello, o artigo fornece a primeira evidência causal sobre os efeitos econômicos de vencer a Copa do Mundo. O objetivo é verificar se o crescimento do PIB aumenta nos trimestres seguintes à vitória, reunindo todos os países que venceram o torneio e comparando-os com um conjunto de países que não conquistaram a taça.

O economista também utiliza um método para tentar estimar qual seria o comportamento do PIB do mesmo País, caso ele não tivesse vencido a competição.

“Ambas as abordagens mostram que vencer a Copa do Mundo da Fifa aumenta, significativamente, o crescimento do PIB apenas nos dois trimestres seguintes à competição”, afirma.

“Mais surpreendentemente, esse efeito parece ser conduzido pelas exportações, e não pelo crescimento do consumo ou acumulação de capital”.

O efeito positivo foi maior para a França (0,382 e 0,348 ponto percentual em 1998 e 2018), seguido por Itália (0,362), Brasil (0,350) e Alemanha (0,263).

A Espanha, que conquistou sua única Copa no início da crise da dívida de 2010, é uma exceção à regra, e teve contração do PIB após ganhar o título daquele ano.

“A análise mostrou que vencer a Copa do Mundo da Fifa leva a um aumento, estatisticamente, significativo no crescimento do PIB, apenas, nos dois trimestres seguintes à vitória”, diz o trabalho. “Não há efeitos significativos sobre o crescimento do PIB para o País anfitrião”.

O PIB do Brasil no terceiro trimestre será divulgado nesta quinta-feira, 1°, às 9h, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No segundo trimestre, o crescimento foi de 1,2% na mesma base de comparação. A economia deve registrar crescimento de 0,6% no terceiro trimestre, segundo levantamento, com 35 economistas consultados pela agência Bloomberg.

(*) Com informações da Folhapress
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