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Estudo mostra que Amazônia entra em colapso até 2050
Representação do curto tempo que a Amazônia ainda tem para entrar em colapso, segundo estudo (Composição de Paulo Dutra/Revista Cenarium)
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14 de fevereiro de 2024
Hector Muniz – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – A Amazônia tem um prazo: 2050. A afirmação tem como base um artigo científico publicado na revista científica Nature e é liderado por pesquisadores brasileiros que apontaram em seu estudo que, se não forem tomadas medidas urgentes, o ano de 2050 pode marcar o início de uma redução substancial na cobertura de floresta, na região amazônica, que pode ser irreversível.
O artigo é, inclusive, a capa da revista científica Nature, publicada nesta quarta-feira, 14. O artigo em questão é assinado por 24 pesquisadores de todo o mundo, dos quais 14 são brasileiros. A pesquisa é financiada pelo Instituto Serrapilheira.
“Não é um colapso total, mas acaba sendo um colapso parcial, vamos dizer. A gente encontra aí, mais ou menos, 50% de possibilidades. Significa [redução de] uma quantidade substancial de floresta, o que influencia na quantidade de água, na quantidade de carbono que a floresta é capaz de manter e reciclar água”, disse a cientista Marina Hirota, professora do departamento de física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e uma das coordenadoras do estudo para a Agência Brasil.
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A REVISTA CENARIUM procurou pesquisadores, no Amazonas, que realizam estudos sobre a Amazônia e os impactos ambientais. Todos os ouvidos disseram que ainda não conseguiram ler o artigo, mas todos em comum falaram sobre a necessidade de uma ação de prevenção. “Com o que estamos vivendo, não acho estranho”, disse a socioambientalista Muriel Saragoussi.
Impactos vistos
Recentemente, a CENARIUM noticiou sobre um alerta do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Amazonas (Sindarma) a respeito da navegabilidade nos rios da Amazônia. Segundo o Sindarma, as transportadoras têm observado que, mesmo com o retorno das chuvas, os “índices ainda são insuficientes para assegurar condições normais de navegabilidade no início do verão“. Ambientalistas ouvidos pela reportagem alertam, inclusive, sobre o impacto ambiental que a Amazônia vem sofrendo devido a ações humanas.
“Tem relações diretas com atividades humanas, de omissões, principalmente, relacionado também a atividades produtivas, que elevam também o desmatamento e a degradação. Então o cenário é bastante ruim do ponto de vista climático e nós já estamos em um processo de aquecimento global irreversível”, analisou Carlos Durigan, geográfo e diretor da Wildlife Conservation Society (WCS-Brasil) no Amazonas.
“Acabamos de sair de uma seca recorde e devemos nos preparar para enfrentar outra crise em 2024, caso permaneça a tendência fluvial que estamos observando. Apesar do retorno das chuvas, os índices ainda são insuficientes para assegurar que, no início do verão, teremos condições normais de navegabilidade”, afirmou o presidente do Sindarma, Galdino Alencar, durante reunião com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), sobre a observação feita em relação à subida dos rios.
Mudanças climáticas
Segundo Marina, dentre as medidas que podem ser tomadas para afastar a ameaça de colapso parcial da floresta é o combate ao desmatamento: “essa seria uma ação importante e já está sendo feita”.
Segundo a cientista, outra medida é a restauração ecológica a partir de meios eficientes, o que depende de diferentes modelos de governança dentro do Brasil e de outros países amazônicos. “Como fazer isso, acho que ainda é uma pergunta em andamento.”
Um terceiro ponto importante citado pela cientista diz respeito a estratégias de mitigação das mudanças climáticas e depende de uma governança mundial.
”O clima da Amazônia é muito dirigido pelo que acontece na temperatura global do planeta, assim como em qualquer parte do mundo. A temperatura global aumentando vai ter impacto em cascata no clima regional da Amazônia. E as previsões, e o que a gente já vê acontecendo, são de redução gradual da quantidade de chuvas, aumento da duração e da intensidade das secas, aumento de eventos extremos de seca e de chuva intercalados”.
O artigo começou a ser escrito em 2020, a partir do relatório de um conjunto de cientistas no Painel Científico da Amazônia. A pesquisa atual derivou de um capítulo desse relatório e aponta a região sudeste da Amazônia com o maior número de mudanças.
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