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Estudo revela que desigualdade e racismo estão acelerando uma crise global de diabetes
Homem fazendo teste de glicose (Reprodução/Internet)
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23 de junho de 2023
Da Revista Cenarium*
SÃO PAULO – Acesso dificultado a um estilo de vida saudável e serviços de saúde contribuirá para que número de casos de diabetes suba até 2050 e alcance 1,3 bilhão de pessoas. A doença já é uma das principais causas de morte e incapacidade.
A desigualdade e o racismo estão acelerando uma crise global de diabetes e devem contribuir para levar o número de casos registrados da doença a dobrar até 2050, chegando a 1,3 bilhão, apontam estudos publicados nos periódicos científicos The Lancet e The Lancet Diabetes and Endocrinology.
Segundo os pesquisadores, a alta deve ocorrer em todos os países e será puxada pelos casos de diabetes tipo 2, doença considerada evitável. Em 2021, esses já eram mais de 90% dos 529 milhões de diabéticos registrados ao redor do mundo.
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Estima-se que, atualmente, 6,1% da população global conviva com a doença, que é uma das dez principais causas de morte e incapacidade – metade dos casos reportados foi associada a altos índices de massa corporal, um possível indicativo de sobrepeso, mas há também outros fatores que influenciam esse quadro, como genética, hábitos alimentares, tabagismo, prática de exercícios e consumo de álcool.
Certo é que o acesso a serviços básicos de saúde e a um estilo de vida saudável também são determinantes. Os pesquisadores mencionam a mudança de hábitos alimentares das pessoas ao redor do mundo, nos últimos 30 anos, com mais espaço para ultraprocessados, mas também culpam uma “cascata crescente de desigualdade”, com barreiras logísticas, sociais e financeiras no acesso à saúde, desempenhando um papel importante, especialmente, em países de baixa e média renda, onde as taxas de mortalidade da doença são duas vezes maiores do que nos países de alta renda.
América Latina acima da média mundial
Pelas previsões dos pesquisadores, a prevalência de diabetes deve chegar a 16,8% da população no Norte da África e Oriente Médio e a 11,3% na América Latina e no Caribe em 2050 – acima dos 9,8% projetados globalmente.
Os dados mostram que, mesmo em países ricos, como os Estados Unidos, as taxas de diabetes entre grupos populacionais minoritários como negros, latinos, asiáticos e indígenas são quase 1,5 vezes superior aos índices de seus concidadãos brancos.
“O racismo estrutural e a desigualdade geográfica amplificam e exacerbam os determinantes sociais da saúde e afetam os cuidados e o tratamento disponíveis para as pessoas com diabetes”, consta de editorial publicado no The Lancet, que se refere ao diabetes como a “doença definidora deste século”.
A pandemia acentuou essa situação de desigualdade: pessoas com diabetes têm 50% mais chances de desenvolver uma infecção grave e duas vezes mais chances de morrer, especialmente, se pertencerem a grupos étnicos minoritários.
“Políticas racistas como a segregação residencial afetam onde as pessoas vivem, o acesso delas a uma boa alimentação e a cuidados de saúde”, declarou Leonard Egede, do Medical College of Wisconsin, e coautor de uma das pesquisas.
Outra pesquisadora, Liane Ong, da Universidade de Washington, afirmou que não há uma solução única para resolver o problema. Tratar o diabetes, ressalta, requer planejamento de longo prazo, investimento e atenção de todos os países.
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