Ex-ministro da GSI depõe durante quatro horas na Polícia Federal

O ex-ministro do GSI pediu demissão após a divulgação das imagens que colocam em xeque a atuação do órgão durante o ataque golpista de 8 de janeiro (Fátima Meira/Futura Press)
Da Revista Cenarium*

BRASÍLIA – O general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), permaneceu nesta sexta-feira, 21, entre 9h e 13h, na sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), havia dado à PF um prazo de 48 horas para isso.

Em decisão divulgada na quinta-feira, 20, Moraes também determinou que sejam identificados todos os militares que aparecem nas imagens divulgadas pela CNN Brasil durante a invasão da sede da Presidência da República. As imagens mostram uma ação colaborativa de agentes com golpistas e a presença de Gonçalves Dias no local. Ele também escreve que, caso estes militares não tenham sido ouvidos, os depoimentos devem ser realizados em 48 horas.

Na decisão, Moraes classifica as imagens como “gravíssimas” e disse que indicam a atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, “inclusive, com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI”.

PUBLICIDADE
Leia também: Veja o que se sabe sobre a queda do ministro do GSI de Lula

Ele também determinou à PF que informe se cumpriu, integralmente, a decisão do dia 8 de janeiro, com a obtenção de todas as imagens das câmeras do Distrito Federal, inclusive, as citadas na reportagem, e se os laudos periciais já foram realizados e quais as providências tomadas.

Por fim, determinou a intimação pessoal e imediata do ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli, para identificar, no prazo de 24 horas, todos os servidores civis e militares que aparecem nas citadas imagens, e quais as providências tomadas.

Demissão

O ex-ministro do GSI pediu demissão do cargo na tarde de quarta-feira, 19, após a divulgação das imagens que colocam em xeque a atuação do órgão durante o ataque golpista de 8 de janeiro. Na gravação, os golpistas receberam água dos militares e cumprimentaram agentes do GSI durante os ataques. Nos vídeos, o próprio general Gonçalves Dias circula pelo terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República, enquanto os atos ocorriam no andar de baixo.

A queda do comandante do GSI deve tornar inevitável a criação de uma CPI, no Congresso, sobre os atos golpistas.

Nesta quinta-feira, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a divulgação das imagens sobre o 8 de janeiro e a consequente demissão do general Gonçalves Dias, do comando do GSI, configuram uma “nova situação política”. Segundo ele, o governo do presidente Lula (PT) tem orientado os líderes, no Congresso Nacional, a apoiarem a instalação de uma CPI para investigar os ataques aos três Poderes para, segundo ele, barrar a propagação de falsas teses sobre os atos golpistas daquele dia.

Padilha disse estranhar que as imagens trazem borrados os rostos dos demais agentes que foram mostrados dentro do Palácio do Planalto, mas que o mesmo tratamento não foi dado ao general.

“Inclusive, me estranha muito alguns agentes militares estarem com as imagens borradas nos seus rostos para não serem reconhecidos e o ex-ministro não ter o mesmo tratamento nesse vazamento que foi feito”, acrescentou.

Uma semana após os ataques de 8 de janeiro, porém, o governo divulgou vídeos editados, em particular com trechos que evidenciavam que os militantes eram aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além disso, recusou um pedido da Folha, via Lei de Acesso à Informação, para divulgar a íntegra das gravações.

(*) Com informações da folhapress
PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.