Federação sabia de denúncias contra técnico de vôlei preso por estupro, afirma delegada

Walhederson Brandão Barbosa, 40 anos, foi preso nesta terça-feira, 14, por favorecimento à prostituição e exploração sexual de alunos. (Edição: Mateus Moura/Revista Cenarium Amazônia)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – A delegada titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (Depca), Joyce Coelho, afirmou que a Federação Amazonense de Voleibol (FAV) tinha conhecimento de denúncias sobre os crimes cometidos pelo técnico Walhederson Brandão Barbosa, de 40 anos, preso nesta terça-feira, 14, por favorecimento à prostituição e exploração sexual de alunos. A polícia ainda investiga a possibilidade de tráfico humano no caso.

Walhederson Brandão Barbosa, técnico da categoria sub-16, foi preso em flagrante em sua casa, na Vila da Prata, Zona Oeste de Manaus, durante a “Operação Bloqueio“, deflagrada pela Depca. No momento da prisão, seis adolescentes estavam na residência do técnico, e dois estavam na cama com o suspeito. Todos residiam no local. Até o momento, a polícia tem informações de 12 vítimas, mas o número pode ser maior.

“Há uma possível omissão da Federação Amazonense de Voleibol, uma vez que várias vítimas já relataram que fizeram denúncias formais na federação, e a federação apenas fez sindicâncias internas, mantendo o treinador no cargo, ou seja, deixando o treinador ter acesso aos adolescentes, conviver com os adolescentes, levá-los a motéis, para dentro de casa”, disse a delegada.

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Em nota, a FAV afirmou que nunca encontrou “qualquer tipo de ocorrência que levasse ao conhecimento as atitudes repugnantes do envolvido”. A Federação ainda repudiou os fatos envolvendo o treinador Walhederson Brandão Barbosa e se colocou à disposição dos órgãos competentes. (Veja a nota completa no fim da matéria).

O técnico responderá por favorecimento à prostituição, exploração sexual, armazenamento de imagens contendo cena de sexo e estupro de vulnerável. Joyce Coelho afirmou que um dos próximos passos é oficiar a Federação Amazonense de Voleibol para que encaminhe as sindicâncias realizadas internamente, sem comunicar a polícia judiciária.

Delegada Joyce Coelho, titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente, e o
delegado-geral da PC-AM, Bruno Fraga (Foto: Ana Pastana / Revista Cenarium)
Investigação

Segundo a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), Walhederson Brandão Barbosa violentava sexualmente alunos em troca da promessa de torná-los atletas profissionais. A polícia informou ainda que o técnico explorava sexualmente os próprios alunos, que tinham de 15 a 17 anos, e que os crimes eram cometidos há mais 20 anos. “Há relatos de homens, com até 25 anos, que passaram pelo mesmo abuso durante a infância e a adolescência”, disse a delegada, afirmando que a polícia iniciou a investigação há três meses após ter acesso a um vídeo sexual do técnico com dois jovens.

Conforme a delegada, o modus operandi do técnico de voleibol consistia em se aproveitar do fácil acesso e influência sobre estudantes de escolas públicas e particulares. Com isso, ele aliciava adolescentes que sonhavam em ser jogadores profissionais da modalidade, com promessas de ascensão no esporte, seja como integrante da Seleção Amazonense ou com a promessa de enviar os jovens para fora do Estado.

Há quase 20 anos ele atua da mesma forma. A gente imagina que há um número muito maior de vítimas. Havia relatos de que ele acabava trazendo meninos do interior, bancava os meninos na casa dele. Encontramos seis meninos residindo na casa, inclusive um garoto de Nova Olinda do Norte [interior do Amazonas], que os pais confiaram nele para orientar o garoto, chegava a ser responsável [pelos alunos] na escola“, explicou.

Joyce Coelho pontuou, ainda, que o ato de movimentar os adolescentes, trazendo-os de outras cidades para Manaus, com o intuito de aliciá-los, é característico do crime de tráfico humano, conduta que ainda está sob investigação. Ainda não há indicação da conivência dos pais dos jovens nos casos.

A maioria desses garotos estão em vulnerabilidade socioeconômica, e eles acabam pesando essa situação e achando uma troca justa [sexo por moradia]. Não é só a troca financeira, é a troca pelo crédito no celular, pelo tênis que rasgou, pela camisa“, disse.

Confira o pronunciamento da FAV na íntegra

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