Fumaça afeta qualidade do ar em Santarém, no Pará pelo terceiro dia consecutivo

Fumaça cobre a cidade de Santarém, no Oeste do Pará, pelo terceiro dia consecutivo (Reprodução/Manoel Cardoso)
Raísa de Araújo – Da Revista Cenarium Amazônia*

BELÉM (PA) – Desde a última terça-feira, 24, a população de Santarém, no Oeste do Pará, foi surpreendida por uma cortina de fumaça que encobriu alguns pontos da cidade. Conforme os dados do Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), Santarém apresenta um nível 50 em concentração MP2, em uma escala em uma escala de 0 a 160, onde 0 é boa e 160 é muito ruim, o que é considerado nível moderado de poluição do ar.

O aplicativo Selva também mostra uma grande densidade de queimadas na região que se estende por quase toda a região do Oeste do Pará até a capital do Estado, chegando ao Maranhão, o que, de acordo com a Defesa Civil, é atribuído como causa da cortina de fumaça, além da estiagem que também tem prejudicado a região.

De acordo com o levantamento de dados do site AQICN, que também mede a qualidade do ar, Santarém encontra-se em nível não saudável para grupos sensíveis nesta sexta-feira, o qual considera que, apesar de aceitável, pode haver um problema de saúde moderada para um número muito pequeno de pessoas que são mais sensíveis à poluição do ar.

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Qualidade do ar é considerada não saudável para grupos sensíveis (Reprodução/AQICN)

A Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), em nota, esclareceu que houve registros pontuais de pacientes que deram entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h), totalizando 92 atendimentos relacionados a síndrome respiratória, durante os três dias em que essa fumaça começou a aparecer. “Esses atendimentos abrangeram uma variedade de sintomas, desde resfriados até casos de pneumonia. No entanto, é importante ressaltar que nenhum paciente relatou ter inalado fumaça no momento do atendimento nem associou seus sintomas a essa causa”, explica a nota.

Benezildo Costa da Silva, morador da comunidade São Pedro, no Rio Arapiuns, localizada na reserva extrativista Tapajós Arapiuns, comentou sobre a estiagem, que neste ano tem castigado severamente a região com falta de chuvas, baixa histórica do nível dos rios e aumento de queimadas e como tudo isso tem impactado na vida e na saúde das pessoas da comunidade, especialmente crianças e idosos, já que vinham sofrendo com sequelas respiratória decorrente da Covid-19.

“Nós estamos sofrendo com as queimadas, muitas queimadas estão acontecendo na nossa região e isso está gerando, também, uma questão de saúde muito séria, porque nós já sofremos com a sequela da Covid, com falta de ar, problemas de respiração, mas essa grande quantidade de fumaça, que aparece principalmente pela manhã e cobre o céu, tem prejudica totalmente nossas vidas.”, disse.

Moradores da comunidade São Pedro, no Rio Arapiuns, também sofrem com fumaça e estiagem (Reprodução/Benezildo Costa)

Benezildo comentou, também, sobre as dificuldades estruturais que a comunidade tem enfrentado para ter acesso à hospitais e atendimentos médicos durante a estiagem. “Na área da saúde nós já somos descobertos em atendimentos, com essa dificuldade da estiagem, dificultou ainda mais o acesso pra que a gente possa ter outros atendimentos. Uma das cosias que a gente sofreu bastante, por exemplo, foi com o atendimento de regaste com a ambulância. Agora não está sendo mais possível ela vir por conta da baixa do rio, então nós precisamos de um transporte que seja adequado pra essa realidade que nós estamos passando”. Finalizou, Bezenildo. 

A Prefeitura esclareceu, ainda, que tanto a Defesa Civil e os demais órgãos municipais estão realizando trabalho contínuo para mitigar os efeitos da forte estiagem, desde que foi declarada situação de emergência, no dia 5 de outubro. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente monitora junto ao INPE, a incidência de possíveis focos de queimadas, que podem ser ocasionados pelas altas temperaturas e estão criando essa cortina de fumaça na região.

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Edição: Eduardo Figueiredo

Revisão: Gustavo Gilona

(*) Matéria atualizada às 12:05, desta quarta-feira, 01, para acrescentar posicionamento da prefeitura.

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