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Fundação Rede promove em Manaus debate para fortalecer agenda ambiental em 2024
Diretor administrativo-financeiro da Fundação Rede, Tacius Fernandes, e o vereador de Manaus Rodrigo Guedes (Podemos) em debate pela sustentabilidade (Divulgação/Rede)
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27 de outubro de 2023
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – A Fundação Rede Brasil Sustentável e o Legisla Brasil promoveram um debate na quinta-feira, 26, em Manaus, com o objetivo de elaborar um plano de políticas públicas voltado a fortalecer pautas ambientais nas eleições municipais de 2024. A iniciativa na capital amazonense integra uma série de eventos da Agenda Municipal Sustentabilista que ocorre em todo o País.
Sob a condução do diretor administrativo-financeiro da Rede, Tacius Fernandes, o debate contou com a participação de representantes de partidos, instituições apartidárias, organizações não governamentais (ONGs), empresas, veículos de comunicação, parlamentares e ex-parlamentares do Amazonas interessados em contribuir com propostas.
Tacius Fernandes informou que as ideias compiladas durante o encontro vão compor um programa de governo baseado no olhar ambientalista e regional, a fim de subsidiar candidaturas eleitorais no ano que vem. O projeto não é exclusivo para postulantes do partido Rede Sustentabilidade, o qual instituiu a entidade, e se estende a siglas interessadas na agenda verde. No encontro, estavam presentes filiados ao Rede, Podemos, Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido Socialista Brasileiro (PSB).
“As pessoas que querem ser candidatas no ano que vem e ainda não possuem direcionamento. A fundação vai dar esse suporte. Existe um campo de socioambientalismo no Brasil que precisa ser subsidiado. A discussão nesse encontro tem participação de pessoas com conhecimento técnico e vivência na área para construir o programa e oferecê-lo, depois, já sintetizado”, explica Fernandes.
A consulta pública da Fundação Rede recebe contribuições individuais e coletivas. Na análise individual, podem participar estudantes, especialistas e qualquer pessoa interessada em participar do debate. Já a consulta coletiva é aberta a integrantes de algum elo ou de grupos temáticos. A inscrição de propostas inicia com o preenchimento do formulário, disponível no site da Rede, até segunda-feira, 30.
Para a diretora de políticas sociais e tecnologias da fundação, Vanda Witoto, liderança indígena no Amazonas, a sociedade vive um momento em que necessita de projetos de lei pensados nas questões voltadas à educação, à saúde e ao fortalecimento da infraestrutura no Amazonas, sobretudo, em territórios ocupados por povos indígenas.
“Esse é um momento de chamar a sociedade civil, principalmente, as mulheres e jovens, a se colocarem nesse lugar para que a gente pense a política. A política pública só vai chegar para esses corpos marginalizados se a gente se encorajar a ocupar esses espaços e construir políticas públicas que cheguem para a gente”, afirmou Witoto.
Realidade regional
O ex-deputado federal pelo Amazonas José Ricardo (PT) que, atualmente, está à frente da coordenação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, no Amazonas, disse que os desafios ambientais precisam ser pensados de acordo com a realidade do território amazonense, com o objetivo de buscar equilíbrio entre meio ambiente, sustentabilidade e sociedade.
“Precisamos, cada vez mais, entender essa dinâmica. O mundo está olhando a Amazônia, o mundo está olhando Manaus, mas não é uma cidade que possui uma preocupação ambiental. Não se tem um planejamento urbano que leve em consideração o modo de viver da população, que envolva a qualidade de vida”, afirmou Ricardo.
Já o vereador Rodrigo Guedes (Podemos), único parlamentar presente no evento, dentre 41 vereadores que ocupam a Câmara Municipal de Manaus (CMM), afirmou que a discussão ambiental ultrapassou as linhas dos movimentos ideológicos e deve ser trabalhada dentro e fora de parlamentos e gestões municipais.
“Essa questão ambiental não pode ser um debate somente ideológico ou de ativismo, porque os impactos reais na vida das pessoas de Manaus já estão sendo sentidos, cada vez mais, de forma intensa. Um exemplo disso é a fumaça que tomou conta da cidade. Precisamos que esse debate esteja na agenda dos parlamentos, da imprensa e dos governos”, ressaltou Guedes.
Debate socioeconômico
O economista Edson Fernandes, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), defende a união equilibrada entre sustentabilidade e economia. Para ele, a região vive a área ambiental e também a economia, e ambas devem ocupar debates de forma combinada, com o objetivo de beneficiar a população do Estado e o meio ambiente.
“Nós devemos ter muito cuidado com a floresta, precisamos defender o meio ambiente, mas precisamos de outras áreas que não dependam única e exclusivamente do Polo Industrial de Manaus. Nós podemos utilizar a floresta de uma forma inteligente, que gere recursos para a população, um exemplo são os cosméticos e a biomedicina”, pontua o economista.
Economista, engenheiro-agrônomo e ex-senador pelo Amazonas, Jefferson Praia foi um dos nomes que compôs o debate na noite de quinta-feira. Ele relembrou que, há algumas décadas, a região amazônica era conhecida como “inferno verde” e discorda do termo ao afirmar que a área deveria ser chamada de “paraíso verde”.
“Antigamente, as pessoas achavam que poderiam fazer tudo o que pudessem com o meio ambiente. Essas pessoas tomam o exemplo de outros países que desmataram para se desenvolver e acham que isso pode ser feito aqui. Esse é um pensamento atrasado, já passou. Desenvolver, antes, era derrubar a floresta. Hoje, não é mais isso. Desenvolver é qualidade de vida e cuidar da questão ambiental”, observa Praia.
O debate da Fundação Rede Brasil contou ainda com a participação da diretora da REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, jornalista Paula Litaiff, que acompanhou o debate e colaborou na consulta pública sobre temas prioritários para as eleições de 2024, com base em pautas jornalísticas mais requisitadas pela sociedade, como lideranças de comunidades tradicionais, estudantes e pesquisadores.
“A elaboração de uma agenda sustentável para as eleições não é ideológica e nem partidária. Ela é de interesse coletivo e deve envolver jornalistas e veículos de comunicação, uma vez que são esses atores que trabalham na construção do pensamento social, no qual vai intervir diretamente nas próximas escolhas eleitorais”, concluiu Litaiff.
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