Governo federal articula criação de Bolsa Família para indígenas

O tema será debatido por um grupo de trabalho criado pela ministra Sonia Guajajara (Gabriel Cabral/Folhapress)
Da Revista Cenarium*

BRASÍLIA – O Ministério dos Povos Indígenas articula, junto ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, a criação de uma categoria específica do programa Bolsa Família voltada aos povos indígenas. O tema será debatido por um grupo de trabalho criado pela ministra Sonia Guajajara em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 19, data em que se comemora o Dia dos Povos Indígenas.

O grupo tem como objetivo “elaborar propostas e ações visando o acesso diferenciado a programas, serviços e ações de proteção social aos povos indígenas”.

Uma ideia, por exemplo, é usar a Fundação dos Povos Indígenas (Funai) para auxiliar nestes processos. Outra possibilidade debatida é a de benefícios que não sejam em dinheiro, uma vez que pode ser mais proveitoso, a depender da realidade de determinada comunidade, bolsas em insumos ou até materiais de auxílio na produção de alimentos.

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Essas alternativas, ainda embrionárias, serão debatidas pelo grupo de trabalho, que terá duração de 180 dias, com reuniões quinzenais. A equipe será composta por membros do ministério e ouvirá outras pastas do governo federal.

Fundo de financiamento

Além destas medidas, o ministério também irá criar um grupo de trabalho para elaborar o que é chamado, atualmente, de Fundo Biomas Indígenas.

O instrumento, promessa de Sonia Guajajara e ideia surgida na época da transição de governo, tem como intuito funcionar como uma espécie de Fundo Amazônia voltado para captação de recursos específicos e para a aplicação de políticas públicas ligadas às necessidades indígenas.

A reportagem teve acesso à portaria que institui o grupo de trabalho e deve ser publicada nos próximos dias. Segundo o texto, assinado pela ministra, ele será composto por membros do ministério e de entidades indígenas regionais, representando os diferentes biomas brasileiros. A duração prevista para os trabalhos é de 90 dias.

O fundo parte da análise de que o orçamento da pasta ainda é pequeno diante do que precisa ser feito para reestruturar as políticas da área, sucateadas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Recentemente, o governo federal liberou mais de R$ 500 milhões em créditos extraordinários voltados a ações emergenciais de proteção aos povos, sendo R$ 146,7 milhões destinados ao Ministério dos Povos Indígenas, mais especificamente para a Funai.

O restante foi direcionado a áreas dentro de outras pastas, mas que cuidam de políticas indigenistas: por exemplo, R$ 63,8 milhões para o Ibama executar ações de fiscalização ambiental relacionadas à proteção à vida, à saúde e à segurança em terras indígenas.

Outro grupo de trabalho criado pela pasta é o de juristas indígenas, que tem como objetivo reestruturar o Estatuto do Índio, criado em 1973 e considerado defasado. A portaria, publicada no Diário Oficial nesta quarta, prevê que o grupo tenha duração de 180 dias.

Serão membros de sua equipe nomes como Eloy Terena, atual secretário-executivo do ministério, Mauricio Terena, advogado da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), e Samara Pataxó, primeira mulher indígena a assessorar o Tribunal Superior Eleitoral — ela ocupa um cargo no núcleo de inclusão da presidência do órgão.

Por fim, o Ministério dos Povos Indígenas também criou um grupo de trabalho para atuar junto ao povo Kinikinau, do Mato Grosso do Sul.

Segundo o Povos Indígenas do Brasil, catálogo do Instituto Socioambiental (ISA) sobre todos os povos do País, a etnia tem cerca de 600 pessoas, segundo os cálculos mais recentes, de 2016.

Os Kinikiau, no entanto, não tem território reconhecido e reivindicam um grupo de trabalho para identificação de sua terra, em Aquidauana, Mato Grosso do Sul, pelo menos desde 2014. A falta de demarcação faz com que eles vivam espalhados em aldeias de outros povos.

Leia também: O tema será debatido por um grupo de trabalho, criado pela ministra Sonia Guajajara
(*) Com informações da Folhapress
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