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Ibama realiza operações contra desmatamento no Acre, Pará e Roraima
Givanildo dos Santos, agente do Ibama, em operação contra desmate em Uruará (PA) na quinta-feira, 19 (Ueslei Marcelino/Reuters)
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21 de janeiro de 2023
Da Revista Cenarium*
URUARÁ (PA) – Agentes ambientais brasileiros cortaram a floresta com facões na quinta-feira, 19, em busca de criminosos nas primeiras operações antidesmatamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prometeu acabar com a crescente destruição herdada de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
A Reuters acompanhou, com exclusividade, as incursões lideradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na Floresta Amazônica, no Estado do Pará, para impedir que madeireiros e fazendeiros derrubassem, ilegalmente, a mata.
O Ibama também lançou batidas, nesta semana, nos Estados de Roraima e Acre, disse a coordenadora de fiscalização ambiental, Tatiane Leite.
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Cerca de dez agentes do Ibama partiram em caminhonetes, na quinta-feira, de sua base no município de Uruará, no Pará, juntamente com uma dezena de policiais federais, rumo a um aglomerado de pontos onde imagens de satélite mostraram madeireiros e fazendeiros trabalhando, recentemente, na derrubada ilegal da floresta.
Em 12 horas dirigindo por estradas de terra que cortam, ilegalmente, uma reserva indígena, o comboio chegou a cinco áreas desmatadas e queimadas na época da eleição de outubro passado, que opôs Lula a Bolsonaro.
Todas as áreas estão dentro da Terra Indígena Cachoeira Seca, onde o desmatamento é estritamente proibido.
Quatro dos trechos pareciam ter sido, posteriormente, abandonados, sem sinais de pessoas morando nas proximidades ou em processo de transformá-los em fazendas. Agentes disseram que poderia ser um sinal de que fazendeiros ilegais desistiram de investir tempo e dinheiro para transformar terras ilegais em pastagens produtivas, sabendo que Lula fez campanha com a promessa de reprimir o desmatamento.
“As pessoas sabem que neste governo a fiscalização será mais rígida e não permitirá que usem uma área que desmataram ilegalmente”, disse Givanildo dos Santos Lima, agente que lidera a missão do Ibama em Uruará.
“Se o outro governo tivesse vencido, você teria encontrado, aqui, gente, pastos bem cuidados e gado.”
O Governo Bolsonaro havia reduzido os funcionários e as verbas para fiscalização ambiental do Ibama, em seus quatro anos de mandato, enquanto o ex-presidente criticava o órgão por emitir multas para fazendeiros e mineradores.
Bolsonaro deu aos militares e depois ao Ministério da Justiça autoridade sobre as operações de combate ao desmatamento, deixando de lado o Ibama, apesar da vasta experiência e sucesso da agência no combate à destruição da Amazônia.
Uma área maior que a Dinamarca foi desmatada sob Bolsonaro, um aumento de 60% em relação aos quatro anos anteriores.
Em outra área da reserva, os agentes encontraram uma casa recém-construída, com várias motosserras e comida estocada para semanas, indicando que os ocupantes, provavelmente, tinham fugido pouco antes da chegada do Ibama.
Flanqueados por policiais com armas semiautomáticas, os agentes ambientais abriram caminho pela selva vizinha para chegar a uma área do tamanho de 57 campos de futebol repletos de árvores derrubadas e troncos empilhados.
Alguns pés de milho plantados de forma desordenada chegavam à altura dos joelhos, no que parecia ser uma tentativa de reivindicar a área para depois transformá-la em pasto para gado, disseram os agentes.
“Vamos voltar com um helicóptero e pegá-los de surpresa”, disse Lima.
Ele estava otimista de que o Ibama conseguirá realizar mais batidas no Governo Lula, com o objetivo de multar desmatadores e impedir que criminosos tentem desmatar mais áreas.
Na campanha eleitoral do ano passado, Lula prometeu colocar o Ibama de volta no comando do combate ao desmatamento, com financiamento e pessoal reforçados. Ele assumiu o cargo em 1° de janeiro, por isso, dinheiro e equipe adicionais ainda não chegaram aos fiscais na linha de frente.
O Governo Bolsonaro negou vários pedidos da Reuters para acompanhar as missões do Ibama durante seu governo em 2019-2022. Sua administração instituiu uma liminar proibindo agentes do Ibama de falar com a imprensa, que os agentes dizem já ter sido revogada.
Lula assumiu o cargo, pela primeira vez, em 2003, quando o desmatamento da Amazônia estava próximo de seu recorde histórico, e por meio da estrita aplicação das leis ambientais o reduziu em 72%, para um nível quase recorde, quando deixou o cargo em 2010.
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