Ibama realiza operações contra desmatamento no Acre, Pará e Roraima

Givanildo dos Santos, agente do Ibama, em operação contra desmate em Uruará (PA) na quinta-feira, 19 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Revista Cenarium*

URUARÁ (PA) – Agentes ambientais brasileiros cortaram a floresta com facões na quinta-feira, 19, em busca de criminosos nas primeiras operações antidesmatamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prometeu acabar com a crescente destruição herdada de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).

A Reuters acompanhou, com exclusividade, as incursões lideradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na Floresta Amazônica, no Estado do Pará, para impedir que madeireiros e fazendeiros derrubassem, ilegalmente, a mata.

O Ibama também lançou batidas, nesta semana, nos Estados de Roraima e Acre, disse a coordenadora de fiscalização ambiental, Tatiane Leite.

PUBLICIDADE
Lula prometeu colocar o Ibama de volta no comando do combate ao desmatamento, com financiamento e pessoal reforçados (Ueslei Marcelino/Reuters)

Cerca de dez agentes do Ibama partiram em caminhonetes, na quinta-feira, de sua base no município de Uruará, no Pará, juntamente com uma dezena de policiais federais, rumo a um aglomerado de pontos onde imagens de satélite mostraram madeireiros e fazendeiros trabalhando, recentemente, na derrubada ilegal da floresta.

Em 12 horas dirigindo por estradas de terra que cortam, ilegalmente, uma reserva indígena, o comboio chegou a cinco áreas desmatadas e queimadas na época da eleição de outubro passado, que opôs Lula a Bolsonaro.

Todas as áreas estão dentro da Terra Indígena Cachoeira Seca, onde o desmatamento é estritamente proibido.

Quatro dos trechos pareciam ter sido, posteriormente, abandonados, sem sinais de pessoas morando nas proximidades ou em processo de transformá-los em fazendas. Agentes disseram que poderia ser um sinal de que fazendeiros ilegais desistiram de investir tempo e dinheiro para transformar terras ilegais em pastagens produtivas, sabendo que Lula fez campanha com a promessa de reprimir o desmatamento.

“As pessoas sabem que neste governo a fiscalização será mais rígida e não permitirá que usem uma área que desmataram ilegalmente”, disse Givanildo dos Santos Lima, agente que lidera a missão do Ibama em Uruará.

“Se o outro governo tivesse vencido, você teria encontrado, aqui, gente, pastos bem cuidados e gado.”

O Governo Bolsonaro havia reduzido os funcionários e as verbas para fiscalização ambiental do Ibama, em seus quatro anos de mandato, enquanto o ex-presidente criticava o órgão por emitir multas para fazendeiros e mineradores.

Bolsonaro deu aos militares e depois ao Ministério da Justiça autoridade sobre as operações de combate ao desmatamento, deixando de lado o Ibama, apesar da vasta experiência e sucesso da agência no combate à destruição da Amazônia.

Uma área maior que a Dinamarca foi desmatada sob Bolsonaro, um aumento de 60% em relação aos quatro anos anteriores.

Em outra área da reserva, os agentes encontraram uma casa recém-construída, com várias motosserras e comida estocada para semanas, indicando que os ocupantes, provavelmente, tinham fugido pouco antes da chegada do Ibama.

No Governo Lula, ações em Uruará foram as primeiras do Ibama contra o desmate na Amazônia (Ueslei Marcelino/Reuters)

Flanqueados por policiais com armas semiautomáticas, os agentes ambientais abriram caminho pela selva vizinha para chegar a uma área do tamanho de 57 campos de futebol repletos de árvores derrubadas e troncos empilhados.

Alguns pés de milho plantados de forma desordenada chegavam à altura dos joelhos, no que parecia ser uma tentativa de reivindicar a área para depois transformá-la em pasto para gado, disseram os agentes.

“Vamos voltar com um helicóptero e pegá-los de surpresa”, disse Lima.

Ele estava otimista de que o Ibama conseguirá realizar mais batidas no Governo Lula, com o objetivo de multar desmatadores e impedir que criminosos tentem desmatar mais áreas.

Na campanha eleitoral do ano passado, Lula prometeu colocar o Ibama de volta no comando do combate ao desmatamento, com financiamento e pessoal reforçados. Ele assumiu o cargo em 1° de janeiro, por isso, dinheiro e equipe adicionais ainda não chegaram aos fiscais na linha de frente.

O Governo Bolsonaro negou vários pedidos da Reuters para acompanhar as missões do Ibama durante seu governo em 2019-2022. Sua administração instituiu uma liminar proibindo agentes do Ibama de falar com a imprensa, que os agentes dizem já ter sido revogada.

Lula assumiu o cargo, pela primeira vez, em 2003, quando o desmatamento da Amazônia estava próximo de seu recorde histórico, e por meio da estrita aplicação das leis ambientais o reduziu em 72%, para um nível quase recorde, quando deixou o cargo em 2010.

(*) Com informações da Folhapress
PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.