Indígenas da Amazônia protestam contra Governo Bolsonaro em Nova Iorque; ‘É uma ameaça para o mundo’, diz Txai Suruí
20 de setembro de 2022
O presidente Jair Bolsonaro e a indígena Txai Suruí (Thiago Alencar/CENARIUM)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – Representantes dos povos indígenas da Amazônia estão em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde participam da 77ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e protestaram contra o Governo Bolsonaro nesta terça-feira, 20. A ativista indígena do povo Paiter Suruí, Txai Suruí, em vídeo divulgado pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), disse que o presidente da República é uma ameaça não apenas aos povos indígenas, mas para o mundo.
O protesto ocorreu em frente ao Consulado do Brasil. Além de Suruí, que foi a única brasileira a discursar na abertura oficial da Conferência da Cúpula do Clima (COP-26), no ano passado, também estão na cidade americana o membro da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Toya Manchineri, a influenciadora Samela Sateré Mawé e o comunicador social João Victor Pankararu.
“Bolsonaro não é uma ameaça apenas para nós, é uma ameaça para o mundo. Ele é um fascista e genocida, ele quer fazer como Trump fez. Nós queremos fazer algo bom e nós não podemos permitir isso. Nós precisamos lutar pela democracia no mundo, lutar pelas pessoas, nossa liberdade, lutar pela floresta, lutar pela Amazônia”, disse.
Txai Suruí em protesto na frente do Consulado do Brasil, em Nova Iorque (Reprodução/Redes Sociais)
Na mesma manifestação, Toya Manchineri lembrou que as eleições no Brasil já acontecem no próximo dia 2 de outubro e afirmou que o objetivo é “varrer” o presidente do País, já que não respeita a vida ou a democracia.
“Nós vamos varrer Bolsonaro do Brasil porque é um governo que não respeita a vida, que não respeita as instituições, e isso significa que não respeita a democracia. É necessário que possamos tirar Bolsonaro do poder, porque vem matando o povo brasileiro, vem matando os povos indígenas, destruindo a natureza, a Amazônia, e os povos indígenas”, disse.
Membro da Coiab, Toya Manchineri (Reprodução/Redes Sociais)
“Não é só resistência, é combate”
O indígena João Victor Pankararu também esteve na manifestação e disse que os indígenas, no Brasil, são desrespeitados e invisibilizados. “Ele não é patriota, não representa o que nós somos. Nós somos a verdadeira origem do Brasil e somos desrespeitados e invisibilizados a todo momento. Já chega, já chega, nós não vamos mais suportar mentiras, estamos resistindo há 522 anos mas, agora não é só resistência, é combate. Nós vamos combater mentiras, mortes e perseguição”, acrescentou.
O indígena João Victor Pankararu em Nova Iorque (Reprodução/Redes Sociais)
Discurso na ONU
O presidente Bolsonaro, que também é candidato à reeleição, discursou durante 22 minutos na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Ele participou pela quarta vez do congresso e iniciou o discurso citando a pandemia da Covid-19, afirmando ainda que não poupou esforços para salvar vidas e preservar empregos. Ainda durante o discurso, o presidente citou dados sobre Amazônia, violência de campo e investimentos em tecnologia.
Bolsonaro reforçou também o discurso contra a imprensa e sugeriu que dados sobre desmatamento, divulgados por meio de institutos de pesquisa, estão equivocados.
“Dois terços de todo o território brasileiro permanece com vegetação nativa, que se encontra exatamente como estava quando o Brasil foi descoberto, em 1500. Na Amazônia brasileira, área equivalente à Europa Ocidental, mais de 80% da floresta continua intocada, ao contrário do que é divulgado pela grande mídia nacional e internacional”, afirma o presidente.
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