Indígenas da Amazônia protestam contra Governo Bolsonaro em Nova Iorque; ‘É uma ameaça para o mundo’, diz Txai Suruí

O presidente Jair Bolsonaro e a indígena Txai Suruí (Thiago Alencar/CENARIUM)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Representantes dos povos indígenas da Amazônia estão em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde participam da 77ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e protestaram contra o Governo Bolsonaro nesta terça-feira, 20. A ativista indígena do povo Paiter Suruí, Txai Suruí, em vídeo divulgado pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), disse que o presidente da República é uma ameaça não apenas aos povos indígenas, mas para o mundo.

O protesto ocorreu em frente ao Consulado do Brasil. Além de Suruí, que foi a única brasileira a discursar na abertura oficial da Conferência da Cúpula do Clima (COP-26), no ano passado, também estão na cidade americana o membro da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Toya Manchineri, a influenciadora Samela Sateré Mawé e o comunicador social João Victor Pankararu.

“Bolsonaro não é uma ameaça apenas para nós, é uma ameaça para o mundo. Ele é um fascista e genocida, ele quer fazer como Trump fez. Nós queremos fazer algo bom e nós não podemos permitir isso. Nós precisamos lutar pela democracia no mundo, lutar pelas pessoas, nossa liberdade, lutar pela floresta, lutar pela Amazônia”, disse.

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Leia também: Bolsonaro fala sobre Amazônia, violência de campo e investimentos em tecnologia em discurso na assembleia da ONU

Txai Suruí em protesto na frente do Consulado do Brasil, em Nova Iorque (Reprodução/Redes Sociais)

Na mesma manifestação, Toya Manchineri lembrou que as eleições no Brasil já acontecem no próximo dia 2 de outubro e afirmou que o objetivo é “varrer” o presidente do País, já que não respeita a vida ou a democracia.

“Nós vamos varrer Bolsonaro do Brasil porque é um governo que não respeita a vida, que não respeita as instituições, e isso significa que não respeita a democracia. É necessário que possamos tirar Bolsonaro do poder, porque vem matando o povo brasileiro, vem matando os povos indígenas, destruindo a natureza, a Amazônia, e os povos indígenas”, disse.

Membro da Coiab, Toya Manchineri (Reprodução/Redes Sociais)

“Não é só resistência, é combate”

O indígena João Victor Pankararu também esteve na manifestação e disse que os indígenas, no Brasil, são desrespeitados e invisibilizados. “Ele não é patriota, não representa o que nós somos. Nós somos a verdadeira origem do Brasil e somos desrespeitados e invisibilizados a todo momento. Já chega, já chega, nós não vamos mais suportar mentiras, estamos resistindo há 522 anos mas, agora não é só resistência, é combate. Nós vamos combater mentiras, mortes e perseguição”, acrescentou.

O indígena João Victor Pankararu em Nova Iorque (Reprodução/Redes Sociais)

Discurso na ONU

O presidente Bolsonaro, que também é candidato à reeleição, discursou durante 22 minutos na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Ele participou pela quarta vez do congresso e iniciou o discurso citando a pandemia da Covid-19, afirmando ainda que não poupou esforços para salvar vidas e preservar empregos. Ainda durante o discurso, o presidente citou dados sobre Amazônia, violência de campo e investimentos em tecnologia.

Bolsonaro reforçou também o discurso contra a imprensa e sugeriu que dados sobre desmatamento, divulgados por meio de institutos de pesquisa, estão equivocados.

Dois terços de todo o território brasileiro permanece com vegetação nativa, que se encontra exatamente como estava quando o Brasil foi descoberto, em 1500. Na Amazônia brasileira, área equivalente à Europa Ocidental, mais de 80% da floresta continua intocada, ao contrário do que é divulgado pela grande mídia nacional e internacional”, afirma o presidente.

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