Institutos de pesquisa são investigados pelo Cade por manipulação de mercado e consumidores

Segundo o presidente do Cade, "os erros foram evidenciados pelos resultados das urnas apuradas, quando se constatou que as pesquisas de diferentes institutos de pesquisa erraram para além das margens de erro (Leo Martins/Reprodução)
Com informações do Infoglobo

BRASÍLIA – O presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Alexandre Cordeiro, determinou a abertura de um inquérito administrativo para apurar “possível acordo entre institutos de pesquisa com o intuito de manipular o mercado e os consumidores”. As três empresas investigadas são: Ipespe, Datafolha e Ipec.

Segundo Cordeiro, “os erros foram evidenciados pelos resultados das urnas apuradas, quando se constatou que as pesquisas de diferentes institutos de pesquisa, tais como Datafolha, Ipec, Ipespe, dentre outros, erraram para além das margens de erro, nas pontuações em relação a alguns dos candidatos”.

O presidente do Cade, indicado ao cargo pelo PP, foi além:

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“A discrepância das pesquisas e do resultado é tão grande que se verificam indícios de que os erros não sejam casuísticos e, sim, intencionais, por meio de uma ação orquestrada dos institutos de pesquisa, na forma de cartel, para manipular em conjunto o mercado e, em última instância, as eleições”.

E conclui:

“A jurisprudência do Cade é pacífica em reconhecer que a existência de indícios de paralelismos de conduta e coincidências de agentes econômicos, sem que haja explicação plausível, pode indicar a configuração de infrações à ordem econômica e de acordos colusivos. No caso em questão, verificam-se, por tudo que foi narrado, indícios de que institutos de pesquisa concorrentes possam estar agindo em conluio ou, ao menos, trocando informações sensíveis. Condutas essas que pode ser enquadradas nos tipos administrativos definidos como cartel, indução de conduta comercial uniforme e/ou troca de informação sensível. Sendo assim, diante da improvável coincidência, especialmente, em relação aos erros cometidos em um mesmo sentido e idênticos quanto à diferença entre os candidatos, e, ainda, frente à ausência de qualquer racionalidade (pelo menos por hora) que explique o fenômeno, pode-se concluir que há indícios de suposta conduta coordenada ou colusiva e também de efeitos unilaterais por parte dos institutos Ipec, Datafolha e Ipespe”.

A decisão se encaixa na lógica do Governo Bolsonaro de contestação e ataque aos institutos de pesquisa, uma articulação que inclui Arthur Lira, presidente da Câmara, e o líder do governo, Ricardo Barros, que pretendem votar um projeto de lei que proíbam os institutos de pesquisa de divulgarem pesquisas.

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