Irã instala câmeras para monitorar e punir mulheres sem hijab em espaços públicos

Qualquer desafio ao código de vestimenta do País 'mancha a imagem espiritual do Irã e espalha insegurança', segundo autoridades iranianas (Majid Saeedi/Getty Images)
Da Revista Cenarium*

IRÃ – Em uma tentativa de punir um número cada vez maior de mulheres que desafiam as regras de uso obrigatório do hijab, no Irã, as autoridades do País introduziram um sistema de monitoramento nos espaços públicos. De acordo com um comunicado divulgado pela polícia iraniana nesse sábado, 8, as câmeras foram introduzidas para “evitar a resistência contra as leis do hijab”. Segundo as autoridades, qualquer desafio ao código de vestimenta do País “mancha a imagem espiritual do Irã e espalha insegurança”.

Por meio das imagens, as mulheres sem o hijab serão identificadas e “receberão mensagens de texto de advertência sobre as consequências”. Essa decisão chega no momento em que o Irã vive a maior onda de protestos contra o governo, em décadas, motivada pelo uso obrigatório do hijab e da repressão a mulheres que se recusam a usá-lo.

Mulheres sem o hijab serão identificadas e “receberão mensagens de texto de advertência sobre as consequências (Reprodução/Internet)

Na última semana, a Justiça do Irã emitiu uma ordem de prisão, neste sábado, contra duas mulheres que foram agredidas por aparecerem em público sem o hijab. A agressão contra as mulheres foi filmada em vídeo, e a gravação foi amplamente compartilhada nas redes sociais do País. As imagens mostram as duas mulheres no interior de uma loja, sem utilizar o véu.

PUBLICIDADE

Um homem, no local, começa uma discussão com as duas e depois joga uma substância sobre as cabeças de ambas, que parece ser iogurte. Ao fim, o homem é confrontado pelo comerciante da loja.

De acordo com informações da Justiça, a ordem de prisão contra as mulheres foi autorizada por “cometer um ato proibido”, em referência a não utilização do véu. Uma outra ordem de prisão, contra o homem, também foi emitida, “por acusações de cometer atos insultuosos e perturbação da ordem”.

“Foram enviados os avisos necessários ao proprietário da loja em que ocorreu [a agressão] para que cumpra com os princípios legais e da sharia, de acordo com as regulações”, informou a mesma fonte.

Morte de Mahsa Amini

Há meses, o hijab se tornou o principal ponto de tensões entre a sociedade civil iraniana e o governo teocrático. Protestos massivos tomaram as ruas das principais cidades do País, após a morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, enquanto estava sob custódia da polícia moral do Irã. Ela foi detida por, supostamente, descumprir o código de indumentária do País, que obriga o uso do véu.

Milhares de pessoas foram às ruas protestar por mais liberdades no País, mas acabaram envolvidas em uma onda de violência massiva, após contramanifestações serem convocadas pelo governo, que também ordenou uma forte repressão dos atos populares.

A decisão chega no momento em que o Irã vive a maior onda de protestos contra o governo em décadas (Louafi Larbi/Reuters)

Os números de mortos e feridos divergem, na contagem de ONGs de direitos humanos e da Guarda Revolucionária do Irã, mas ao menos 300 pessoas morreram em protestos e outras centenas ficaram feridas ou foram presas.

Em dezembro, um jovem de 23 anos foi a primeira pessoa a ser executada, publicamente, por envolvimento com os protestos. Outras execuções autorizadas pela Justiça iraniana foram realizadas desde então. Autoridades políticas e religiosas do Irã acusaram as potências ocidentais por incitarem os protestos pelo País.

(*) Com informações do Infoglobo
PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.