Lideranças do PT-RJ reagem contra críticas a Lula feitas por Paes, que vê postura de ‘salto alto’ do ex-presidente após apoio a Freixo

Paes durante almoço com Lula, na metade do ano passado. Prefeito queria apoio do ex-presidente a Felipe Santa Cruz, de seu partido (Ricardo Stuckert / Divulgação)

Com informações do InfoGlobo

RIO — As declarações feitas pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), em entrevista publicada neste sábado, 5, pela Valor Econômico, com críticas ao ex-presidente Lula (PT), após anúncio de apoio à candidatura de Marcelo Freixo (PSB) para governador, não foram bem recebidas por lideranças da sigla no estado do RJ.

Na tarde deste sábado, 5, tanto o presidente estadual do partido, João Maurício, quanto o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano, se posicionaram contrários às afirmações de que Lula não teria relevância na corrida eleitoral para o governo do Rio, e de que ele estaria adotando uma postura de “salto alto”. O termo utilizado pelo chefe do executivo municipal carioca desagradou os correligionários petistas.

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“Ao que pese o nosso profundo respeito pela liderança do prefeito Eduardo Paes,  a sua entrevista ao jornal Valor Econômico neste sábado, nos surpreendeu tanto pela forma quanto pelo conteúdo”, escreveu Ceciliano.

“Depois de tudo o que viveu, Lula sabe como ninguém que não se calça salto alto — nem na política nem na vida. Esperamos montar no Rio e onde for possível  alianças amplas em torno do presidente Lula, porque é vital que todo o campo progressista seja pelo menos capaz de dialogar, esteja ele à esquerda, ao centro e até à direita, e  por maior que sejam as nossas diferenças. O que está em jogo não é um projeto futuro, mas de futuro,  em que o diálogo deve voltar a prosperar”, concluiu o presidente da Alerj.

João Maurício, por sua vez, disse que o foco do partido é a eleição de Lula à Presidência, e que, sobre a crítica de postura de “salto alto”, argumentou que o ex-presidente tem buscado o diálogo.

Rebatendo críticas

“Sobre salto alto nas eleições, hoje não deve ter um ser político que tem dialogado tanto com as mais diversas forças políticas do que o presidente Lula, com um diálogo sobre a preocupação com o Brasil, compreendendo que o que está em jogo na eleição nacional é recuperar a democracia, os direitos civis e a dignidade do povo brasileiro”, disse.

Ele também comentou sobre a aliança de Lula com o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), candidato ao governo do Rio, portanto rival de Felipe Santa Cruz (PSD), companheiro de partido de Paes.

“As alianças são feitas a base de reciprocidade. Nós do Partido dos Trabalhadores estamos fazendo um gesto para o PSB, porque este partido está trabalhando em um movimento nacional de apoio ao presidente Lula”, acrescentou, deixando aberta, também, uma possibilidade de diálogo com o PSD.

 “É uma inverdade falar que o PT quer o governador, o senador e o presidente da República, pois o Marcelo Freixo pertence aos quadros do PSB, que está em negociação para integrar a coligação nacional do presidente Lula Inclusive, o PT-RJ tem como prioridade central a eleição do presidente Lula, e se o PSD Nacional e o PSD do Estado abrirem discussão clara sobre o apoio ao presidente Lula, certamente iremos sentar para poder discutir qual é o melhor mosaico eleitoral que nós podemos montar para a eleição”.

Por fim, o presidente do PT-RJ rebateu as críticas sobre a suposta irrelevância política de Lula no Rio de Janeiro dita por Paes.

“Uma coisa é certa, temos uma grande divergência com a opinião do Prefeito Eduardo Paes. O Presidente Lula é um grande cabo eleitoral no Rio de Janeiro como em todo o Brasil. O Lula tem muita credibilidade, o povo sabe tudo o que ele fez pelo estado e principalmente pelo município do Rio de Janeiro. Tenho certeza que o apoio do Presidente Lula significa muito no ponto de vista eleitoral no Rio de Janeiro”, concluiu.

‘O Lula não é fator relevante para mim nas eleições locais’, disse prefeito do Rio

As críticas feitas por Paes acontecem após Lula ter anunciado apoio a Freixo nas eleições para governador do Rio. O prefeito contava com a possibilidade de que o ex-presidente apoiasse a campanha de Felipe Santa Cruz (PSD), de seu partido. Após essa espécie de ruptura, Paes agora se articula em busca de outra aliança, e deve ter uma reunião neste domingo com Ciro Gomes (PDT), concorrente de Lula à presidência, que irá fazer uma palestra para seu secretariado.

Na entrevista à Valor Econômico, Paes disse que o ex-presidente Lula (PT) não tem relevância na eleição para o governo do Rio e que o apoio do petista ao pré-candidato ao Palácio Guanabara Marcelo Freixo (PSB) demonstra uma postura de “salto alto” de sua campanha.

“O Lula não é o fator relevante para mim nesta eleição local aqui”, disse Paes, na entrevista, afirmando que o ex-presidente não é um cabo eleitoral determinante no Rio como é em estados do nordeste.

“A posição tem sido: ‘Quero governo do Estado, Senado e Presidência da República e quem quiser vir que bata palma pra mim’. A postura do Lula, eu diria com certo salto alto no Rio de Janeiro, não é a de alguém que está buscando somar”, completou.

Ele questionou as credenciais de Freixo, que é deputado federal, para ocupar o cargo. Segundo Paes, uma pesquisa encomendada pelo PSD mostra que o parlamentar teria perdido a ampla vantagem que tinha sobre o governador Cláudio Castro (PL), com quem estaria num empate técnico. Leia a matéria na íntegra em O GLOBO.

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