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Mato Grosso foi o Estado que mais desmatou na Amazônia em fevereiro, aponta Inpe
Imagem aérea mostra desmatamento perto de uma floresta na fronteira entre a Amazônia e o cerrado, em Nova Xavantina, Mato Grosso. (Amanda Perobelli/ Reuters)
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25 de fevereiro de 2023
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Estado de Mato Grosso, que integra a Amazônia Legal, foi o que mais desmatou a Amazônia neste mês de fevereiro. Foram 129 quilômetros quadrados (km²) até o dia 17 de fevereiro, de acordo com dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), apresentados nesta sexta-feira, 24. O Pará (34 km²) e Amazonas (23 km²) ocuparam o segundo e terceiro lugar, respectivamente.
A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro, e engloba a área total de oito Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão. O mês de fevereiro deve fechar com números em alta no desmatamento na Amazônia. Os dados mostram, ainda, que 209 km² foram desmatados no período. O número é a maior marca para o mês em toda a série histórica, iniciada em 2015.
De acordo com Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, em entrevista ao G1, os efeitos das novas políticas governamentais ainda devem levar um certo tempo para serem sentidas.
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“É óbvio que em janeiro/fevereiro não veríamos, nos números de alerta, a ação do governo. Ele está começando a arrumar a casa. Vamos ver esses números daqui uns dois, três meses. Vamos começar a ver a curva de diminuição ou manutenção, mas precisamos dar um tempinho para o governo”, analisou Astrini.
Nuvens
Para Daniel Silva, especialista em Conservação do WWF-Brasil, é preciso observar fatores que podem influenciar nos resultados do estudo do Inpe. Fatores climáticos não devem ser desconsiderados.
“O aumento da área desmatada nos primeiros dias de fevereiro deve ser interpretado com cautela. Tivemos um aumento de nuvens em janeiro e o Deter pode estar detectando, em fevereiro, desmatamentos que ocorreram no mês passado”, observou.
Os alertas registrados são feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (por exploração de madeira, mineração, queimadas e outras). Esses dados são repassados pelo Inpe para avaliação das pressões no meio ambiente brasileiro.
Tanto Márcio Astrini quanto Daniel Silva avaliam ser preciso esperar um pouco mais para que um cenário positivo volte a fazer parte da realidade ambiental no Brasil. “O trabalho de reconstruir, colocar a casa em ordem é mais demorado, mais difícil do que a destruição do governo anterior”, declarou Márcio.
“É urgente implementar ações concretas para zerar o desmatamento, como, por exemplo, incentivar a reabilitação em áreas degradadas, criar novas unidades de conservação e delimitar as terras indígenas ou qualquer outra ação que visa o desmatamento zero“, apontou Daniel Silva.
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