Microplásticos são detectados no sangue de 80% de voluntários em estudo inédito

Representação de glóbulos vermelhos (Foto: allinonemovie / Pixabay / Divulgação)

Com informações Infoglobo

RIO — Pesquisadores identificaram pela primeira vez a presença de microplásticos no sangue humano, segundo um estudo da Universidade Livre de Amsterdam, na Holanda, divulgado nesta quinta-feira, pela revista cientística revisada por pares “Environment International“. Chama atenção que tais partículas podem se prender às membranas externas dos glóbulos vermelhos e podem limitar sua capacidade de transportar oxigênio. Segundo o professor Dick Vethaak, os resultados são preocupantes porque os microplásticos causaram danos às células humanas estudadas em laboratório.

“Certamente é razoável se preocupar”, afirmou o ecotoxicologista ao jornal britânico “The Guardian”. — As partículas estão lá e são transportadas por todo o corpo.

Foram analisadas amostras de sangue de 22 doadores anônimos, todos adultos saudáveis, e as partículas plásticas foram encontradas em 17 deles, ou seja, quase 80%.

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“Nosso estudo é a primeira indicação de que temos partículas de polímero em nosso sangue; é um resultado inovador”, disse Vethaak.

A equipe adaptou técnicas já conhecidas para detectar e analisar partículas tão pequenas quanto 700 nanômetros (0,0007 milímetros) e, para evitar contaminação, usou agulhas de seringa de aço e tubos de vidro.

Algumas das amostras de sangue continham dois ou três tipos de plástico. Metade continha plástico PET, comumente usado em garrafas, enquanto um terço trazia poliestireno, aplicado em outras embalagens, e um quarto mostrava polietileno, encontrado nas sacolas plásticas. Mas Vethaak reconheceu que a quantidade e o tipo de plástico variaram consideravelmente entre as amostras de sangue.

O professor lembrou ainda que partículas de poluição do ar já são conhecidas por entrar no corpo e causar milhões de mortes precoces por ano. Também já se sabia que as pessoas consumiam essas partículas através de alimentos e água, além de inalá-las.

Vethaak mencionou ao “Guardian” que trabalhos anteriores mostraram que os microplásticos eram 10 vezes maiores nas fezes dos bebês em comparação com os adultos e que os bebês alimentados com garrafas plásticas engolem milhões de partículas de microplástico por dia.

Ele disse que as diferenças podem refletir a exposição de curto prazo antes das amostras de sangue serem coletadas, como beber de um copo de café forrado de plástico ou usar uma máscara facial de plástico.

“A grande questão é: o que está acontecendo em nosso corpo?”, questionou Vethaak. “As partículas ficam retidas no corpo? Eles são transportados para certos órgãos, como passar pela barreira hematoencefálica? E esses níveis são suficientemente altos para desencadear doenças? Precisamos urgentemente financiar mais pesquisas para que possamos descobrir”.

A pesquisa foi financiada pela Organização Nacional Holandesa para Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde e a instituição Common Seas, que trabalha para reduzir a poluição plástica.

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