Milhares de peixes mortos chegam à praia na costa do Golfo, no Texas, sul dos EUA

Peixes mortos em praia, na costa do Golfo, no Texas (Reprodução/Internet)
Da Revista Cenarium*

The New York Times – Milhares de peixes mortos chegaram à praia na costa do Golfo, no Texas (sul dos EUA), desde sexta-feira, 9, depois de ficarem sem oxigênio devido à alta temperatura da água, disseram autoridades.

Funcionários do parque do condado de Brazoria afirmaram que um esforço de limpeza está em andamento, mas espera-se a chegada de mais peixes ao litoral. Fotos publicadas pelo Parque Municipal Quintana Beach, no sábado, 10, mostram peixes mortos flutuando nas águas costeiras.

A causa foi uma conjunção “perfeita” de más condições, segundo Bryan Frazier, diretor do Departamento de Parques do Condado de Brazoria.

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“A água morna retém muito menos oxigênio do que a fria. O mar calmo e o céu nublado na área impediram que o oxigênio fosse infundido na água do oceano. As ondas adicionariam oxigênio à água e o céu nublado reduziria a capacidade dos organismos microscópicos de produzir oxigênio por meio da fotossíntese”, explica Frazier.

Quando cardumes de peixes ficam presos em águas rasas e mornas, eles podem começar a agir de forma irregular, por falta de oxigênio, o que esgota ainda mais o oxigênio na água.

Katie St. Clair, gerente de vida marinha da Universidade A&M, em Galveston, no Texas, disse que o aquecimento das águas da costa do Golfo, devido às mudanças climáticas, pode ter contribuído para a mortandade de peixes.

“Como temos um aumento da temperatura da água, certamente isso pode fazer que ocorram mais eventos como esse”, disse St. Clair, “especialmente em nossos ambientes rasos, próximos à costa ou costeiros.”

As autoridades do parque estimam que muito mais peixes mortos cheguem à terra (Patty Brinkmeyer/Departamento de Parques do Condado de Brazoria)

O Serviço Nacional de Meteorologia registrou a temperatura máxima de 33,3°C, no condado de Brazoria, na sexta, quando foram relatados peixes mortos pela primeira vez na praia.

Frazier acrescentou que tais ocorrências “não são muito raras” nessa região e começam quando a água esquenta durante o verão.

“É um pouco alarmante ver uma onda de peixes mortos chegar à praia”, disse Frazier. Mas ele acrescentou que as condições locais do mar melhorariam à medida que as ondas adicionassem oxigênio de volta à água e os peixes nadassem para longe de áreas com pouco oxigênio.

“A ‘Mãe Natureza’ tem uma maneira de equilibrar isso”, disse Frazier. “Deve-se corrigir, aqui, num futuro bem próximo.”

Um relatório da ONU concluiu, em 2019, que o aquecimento da água oceânica aumentou a incidência de hipóxia — baixos níveis de oxigênio — nas águas costeiras, ameaçando as populações de peixes. Um dos autores do relatório disse, na época, que a perda de oxigênio e outros efeitos do aquecimento global “criariam uma enorme pressão” na região da costa do Golfo no futuro.

Além de casos localizados de hipóxia, sabe-se que uma grande “zona morta” de água, que abrange milhares de quilômetros quadrados, se forma no Golfo do México durante os meses de verão.

Leia também: Pesca ilegal que mira espécies de peixes ameaçados cresce no País e intimida vidas

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA previu, na segunda-feira, 12, que essa zona morta seria menor do que o normal, neste ano, cobrindo quase 11 mil quilômetros quadrados de águas costeiras.

St. Clair disse que a mortandade de peixes pode ter um impacto ambiental significativo, porque os peixes mortos – principalmente, sardinhas e arenques – desempenham um “papel crítico” no ecossistema do Golfo.

“Você poderá ver impactos em cascata se continuarmos a ter essa grande mortandade de peixes”, disse ela.

Os peixes começaram a chegar à praia no condado de Brazoria, cerca de 104 quilômetros ao sul de Houston, na manhã de sexta-feira, 9, disse Frazier, e equipes do parque foram rapidamente enviadas para retirá-los e enterrá-los antes que começassem a apodrecer ao calor do meio-dia.

“Precisamos removê-los rapidamente”, disse Frazier. “Não demora muito para que eles produzam mau cheiro num calor de mais de 30 graus.”

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
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(*) Com informações da Folhapress
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