Ministra da França sofre ataques machistas após posar Playboy

Marlène Schiappa, secretária de Estado da França, falou sobre direitos da mulher em entrevista à Playboy Imagem: (Getty Images)
Da Revista Cenarium*

MANAUS – A secretária de Estado da França Marlène Schiappa causou polêmica ao estampar a capa de uma edição da Playboy a ser lançada esta semana. O episódio rendeu à representante críticas por parte do governo e da oposição —ele se dá em meio a mobilizações nacionais contra a impopular reforma da Previdência do governo Emmanuel Macron.

Segundo fontes próximas, a primeira-ministra e rosto da nova legislação, Élisabeth Borne, teria telefonado diretamente para Schiappa para dizer que considerava a sua aparição na revista totalmente inadequada.

Já parte da esquerda chamou o ocorrido de uma “cortina de fumaça” para a movimentação popular, e a incluiu no mesmo caldo que entrevistas recentes do ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, à Têtu, que tenha uma linha editorial ligada à temática LGBTQIA+, e do próprio presidente a Pif Gadget, voltada para crianças.

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Jean-Luc Mélenchon, líder do partido ultraesquerdista França Insubmissa e terceiro lugar na última corrida presidencial, afirmou que “a França está saindo dos trilhos”.

Schiappa, 40, integra o governo desde 2017, quando assumiu o então inédito ministério de Equidade de Gênero. Hoje à frente da pasta de Economia Social e Solidária e da Vida Associativa, ela foi ao Twitter se justificar. “A defesa do direito da mulher de expor de seu corpo é realizada em todo lugar, o tempo todo. Com todo respeito aos retrógrados e hipócritas, na França, as mulheres são livres”, escreveu.

O editor da Playboy também saiu em sua defesa, afirmando que ela tinha entendido que a revista erótica não era para velhos machistas e podia sim ser um instrumento da causa feminista. Na entrevista de 12 páginas para o veículo, a ministra falou sobre direitos da mulher, política e literatura —ela é autora de livros eróticos.

Aprovada graças a um dispositivo considerado pouco democrático, a reforma previdenciária eleva a idade mínima para aposentadoria de 62 para 64 anos, e aumenta os anos de contribuição para acesso à pensão integral de 42 para 43 anos.

A legislação, que ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Constitucional, também aumenta a idade mínima de aposentadoria para atividades mais penosas, como policiais e bombeiros, de 57 para 59 anos.

Segundo o governo, a reforma representa uma economia de € 18 bilhões (cerca de R$ 101 bilhões). O movimento é, porém, repudiado pelos franceses, que prezam a qualidade de seu sistema público de segurança social.

(*) Com informações da Folhapress

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