Ministro da Justiça, Anderson Torres nega ter dado informações sobre operação da PF a Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro acompanhado do ministro Anderson Torres (Reprodução/AFP)
Com informações da FolhaPress

BRASÍLIA – Em meio a suspeitas de interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas investigações que atingem o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o ministro da Justiça, Anderson Torres, publicou neste domingo, 26, mensagem em que nega ter tratado do caso com Bolsonaro.

Torres estava nos Estados Unidos com o presidente quando, segundo Ribeiro, Bolsonaro telefonou para ele e avisou ter um “pressentimento” de que haveria uma operação da PF (Polícia Federal) contra o ex-ministro.

Como titular da Justiça, Torres tem sob a aba do seu ministério a Polícia Federal, responsável pela operação “Acesso Pago”, que prendeu e fez busca e apreensão em endereços de Ribeiro e pastores citados em irregularidades na liberação de verbas do MEC (Ministério da Educação).

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Bolsonaro ri e e Milton Ribeiro, à direita, gesticula.  Ambos estão de terno, sentados, diante de uma parede azul
O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado do ex-ministro Milton Ribeiro em fevereiro deste ano (Pedro Ladeira/FolhaPress)

O ministro da Justiça foi procurado na sexta-feira, 24, e não quis responder. Dois dias depois, posicionou-se em publicação em sua conta no Twitter.

“Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o presidente Bolsonaro para os EUA, asseguro categoricamente que, em momento algum, tratamos de operações da PF”, escreveu neste domingo.

“Absolutamente, nada disso foi pauta de qualquer conversa nossa, na referida viagem”.

A Polícia Federal investiga o balcão de negócios no MEC. Os pastores, ligados a Bolsonaro e Milton Ribeiro, negociavam com prefeitos a liberação de verbas da educação mesmo sem cargos no governo.

Em um telefonema interceptado pela Polícia, Milton Ribeiro diz que falou com Bolsonaro e este lhe adiantou que achava que haveria operação contra o ex-ministro. A defesa de Bolsonaro nega qualquer interferência.

A conversa, entre Ribeiro e a filha, ocorreu no dia 9 de junho. O ex-ministro diz ter falado com o presidente naquele dia, quando Bolsonaro e Torres estavam em viagem.

A cronologia dos atos na investigação mostra que, em 9 de junho, o delegado Bruno Calandrini já havia solicitado as buscas e apreensões contra Ribeiro. O pedido foi feito em 4 de abril e autorizado pelo juiz Renato Borelli, da Justiça Federal do Distrito Federal, em 17 de maio.

O suposto vazamento da operação e a suspeita de interferência de Bolsonaro na investigação resultaram em pedido do MPF (Ministério Público Federal) para que o caso fosse enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal).

A própria PF também investiga as acusações do delegado Bruno Calandrini, feitas no dia da prisão do ex-ministro sobre uma suposta interferência indevida no caso.

A Folha apurou que a ida de Torres, na comitiva com Bolsonaro, foi decidida de última hora e que, a princípio, não havia previsão para o ministro acompanhá-lo na Cúpula das Américas. O atual diretor-geral da PF é Márcio Nunes, amigo de Torres — ele era secretário executivo da Justiça antes de ser nomeado como chefe do órgão.

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