Moraes autoriza senadores a visitarem Torres na prisão, mas barra Flávio Bolsonaro e Marcos do Val

À direita, Alexandre de Moraes, à esquerda, Anderson Torres (Reprodução/CNN)
Da Revista Cenarium*

BRASÍLIA (DF) – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou 38 senadores a visitarem o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres, na prisão, mas barrou a ida de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES).

Relator das investigações sobre os ataques golpistas do 8 de janeiro, Moraes afirmou que “condutas” dos dois parlamentares são alvo de investigação em inquéritos que tramitam na Corte.

“Indefiro, por sua vez, a visita dos senadores Marcos do Val e Flávio Bolsonaro, tendo em vista a conexão dos fatos apurados no presente inquérito, com investigações das quais ambos fazem parte”, afirmou o ministro em decisão divulgada nesta sexta-feira, 5.

PUBLICIDADE
Anderson Torres foi titular do Ministério da Justiça no Governo Bolsonaro (Evaristo Sá/AFP)

Moraes mencionou, em relação a Flávio, o inquérito das manifestações antidemocráticas de 2020, depois convertido no inquérito das milícias digitais.

No caso do representante do Podemos, por sua vez, fez referência ao próprio inquérito em que Torres, ao lado de outras autoridades, é investigado por suposta omissão frente às ameaças de ataques golpistas. Na ocasião, ele comandava a pasta da Segurança do DF.

Em fevereiro, Marcos do Val deu versões diferentes sobre a reunião com Bolsonaro e o suposto plano de gravar o ministro do STF para reverter o resultado das eleições de 2022.

Primeiro, o senador fez uma transmissão, ao vivo, pelas redes sociais, na qual afirmou que Bolsonaro tentou coagi-lo a “dar um golpe de Estado junto com ele”.

Horas depois, ele recuou da acusação direta e disse que Bolsonaro “só ouviu” o plano do ex-deputado federal Daniel Silveira e afirmou que iria pensar a respeito.

Ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), Torres está preso há quase quatro meses. Ocupa cela em um batalhão da Polícia Militar (PM). Pedidos de soltura já foram negados.

Leia também: Ministro Luís Roberto Barroso nega pedido de habeas corpus a Anderson Torres

Na decisão que liberou a visita de senadores ao ex-secretário, Moraes estabeleceu algumas condições, entre elas, a limitação de cinco parlamentares por vez, a serem realizadas aos sábados e domingos, em datas (sábados e domingos) a serem, previamente, agendadas junto à PM.

Restringiu o ingresso de celulares, máquinas fotográficas, gravadores, computadores e proibiu os visitantes de levarem mensagens de terceiros a Torres, ou dele para terceiros.

A defesa tentou, sem sucesso, liberdade para Torres. Em recente decisão, o ministro do STF disse que o quadro probatório contra Torres se mantém inalterado e não havia razões jurídicas para a revogação da prisão ou substituição por medidas cautelares diversas.

Moraes acrescentou que houve depoimentos de testemunhas e apreensão de documentos que apontaram fortes indícios de sua participação na elaboração de uma suposta ‘minuta golpista’ e em uma ‘operação golpista’ da Polícia Rodoviária Federal para tentar subverter a legítima participação popular no segundo turno das eleições presidenciais de 2022″.

A minuta golpista mencionada por Moraes é uma proposta de decreto para o então presidente Bolsonaro instaurar estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O objetivo era reverter o resultado da eleição em que Lula saiu vencedor. Tal medida seria inconstitucional. A apreensão do documento, pela PF, na casa de Torres, foi revelada pela Folha.

(*) Com informações da Folhapress
PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.