Mulheres indígenas realizam ritual simbólico em posse de deputadas em Brasília

Sonia (de azul) e Célia (de amarelo) foram emolduradas por outras mulheres que estavam na posse para mostrar a força da mulher indígena (Raíssa Azeredo/Anmiga)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Mais de 400 mulheres indígenas, de 93 povos originários do Brasil, em 22 Estados da federação, estiveram presentes na “Posse Ancestral” das deputadas federais Sonia Guajajara e Célia Xakriabá, ambas do PSOL. O evento aconteceu durante a posse dos novos parlamentares, em cerimônia no Congresso Nacional, na última quarta-feira, 1°, em Brasília. A presença das mulheres foi uma iniciativa da Articulação das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga).

Articuladas e mobilizadas, as mulheres indígenas preparam um grande ato para o segundo semestre de 2023, que é a ‘Marcha das Mulheres Indígenas’ (Reprodução/Flickr)

O acontecimento, carregado de simbolismo, marcou a retomada das pautas dos povos indígenas na agenda política do Brasil. Para a socióloga Marklize Siqueira, a cerimônia teve um caráter afirmativo. “As indígenas estão deixando um recado claro para a sociedade brasileira. ‘A Marcha das Mulheres Indígenas’ foi a ação mais bem organizada e de impacto do movimento social que confrontou o ex-governo de Bolsonaro”, afirmou.

De acordo com Marklize, a mobilização das indígenas vai além da representatividade. “Elas têm pautado a defesa da mãe terra, as emergências climáticas, denunciado a falta de assistência à saúde, o garimpo e o assassinato das lideranças indígenas”, declarou. Marklize também apontou discrepâncias no sistema político brasileiro. “A presença de mulheres indígenas no sistema político ainda é vergonhosamente pequena para um País de território historicamente indígena”, criticou.

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Na agenda do movimento indígena feminino, a ampliação da participação das mulheres na política nacional é pauta urgente (Reprodução/Flickr)

Pré-Marcha

A iniciativa no Congresso Nacional foi um “ensaio técnico” da mobilização das lideranças femininas indígenas. O ritual de apoio à Sonia e Célia fizeram parte da atividade de encerramento da “Pré-Marcha das Mulheres Indígenas” que acontecerá em Brasília, no segundo semestre de 2023.

Para Marklize, a mobilização feminina mira em objetivos definidos. É urgente criar instrumentos que assegurem mais mulheres indígenas eleitas, pois, somente assim, nossa democracia será, de fato, diversa e representativa do povo brasileiro”, ponderou Marklize.

Para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a mobilização para se fazer presente na posse de Sonia Guajajara e Célia Xakriabá foi um ensaio do que será a agenda de lutas das mulheres indígenas. “Ao se fazerem presentes, elas garantiram representatividade demonstrando que a união e a força são a base do movimento indígena em um novo momento político do Brasil“, declarou a Apib.

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