Apib organiza a maior assembleia dos Povos e Organizações Indígenas do País em Brasília

O Acampamento Terra Livre 2023 está sendo costurado pelas maiores organizações indígenas do Brasil e a agenda segue com pautas urgentes para os povos originários (Reprodução/Sintietfal)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), entidade que congrega as maiores organizações indígenas brasileiras, anunciou a data do “Acampamento Terra Livre (ATL) 2023”. O evento, considerado a maior assembleia dos povos originários do Brasil, acontecerá em Brasília entre os dias 24 a 28 de abril. A agenda, segundo a entidade, ainda está sendo fechada, mas a Apib adianta que a “resistência” é ainda maior após quatro anos de Governo Bolsonaro.

As organizações dos povos originários começam os preparativos para as grandes mobilizações nacionais que acontecerão em Brasília (Reprodução/In.Soc.Ambiental)

A retomada das políticas de demarcações das Terras Indígenas (TI) é ponto convergente: “Historicamente, os territórios dos povos originários são saqueados e destruídos. No entanto, a falta de fiscalização, de punição e todo o discurso de ódio incentivado pelo governo federal, nos últimos quatro anos, foi determinante para o aumento de conflitos, principalmente, em áreas onde há espera pela homologação”, declarou o coordenador-executivo da Apib, Kleber Karipuna.  

Em entrevista para a REVISTA CENARIUM, Carla Jarraira, liderança Macuxi da Raposa Serra do Sol, em Roraima, afirmou que o ATL terá na questão Yanomami, uma urgência. “A situação dos povos Yanomami tem causado repercussões. Porém, não é desde agora que vem acontecendo. Se agravou no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. E isso é uma pauta urgente! Para isso, devemos ir na raiz do problema, que é o PL 490, um projeto de lei genocida; se tudo isso já está acontecendo de forma ilegal, imagina regularizando“, criticou a advogada.

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Questionada sobre o judiciário brasileiro e as demandas sobre os crimes cometidos contra os povos originários, como execuções por pistoleiros e a alarmante situação do povo Yanomami, Carla declarou: “O povo indígena pede justiça e os poderes públicos não podem colocar uma venda, como fazem na maioria das vezes. Não é de hoje que vem acontecendo, não é de hoje que pedimos socorro. Pedimos Justiça pelos irmãos Yanomami”, desabafou.

A ativista Carla Jarraira diz que a Justiça brasileira precisa dar respostas urgentes para a violência que se abateu sobre os povos indígenas do Brasil (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Construção

Participam da construção da agenda do ATL 2023, a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme). A Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul).

A Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (Arpinsudeste) e a Comissão Guarani Yvyrupa. Além delas, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). O Conselho do Povo Terena e a Assembleia Geral do Povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu).

As demarcações de Terras Indígenas estão entre as urgências da agenda dos povos originários a serem discutidas no ATL 2023 (Reprodução/Jornalistas Livres)

Histórico do ATL

O ATL nasceu em 2005, fruto de uma ocupação realizada por povos indígenas do sul do País, em frente ao Ministério da Justiça, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O evento ganhou adesão de lideranças e organizações indígenas de outras regiões do Brasil, entre elas a Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste e Minas Gerais (Apoinme). Em quase duas décadas, o evento vem cumprindo o papel de vanguarda na luta pelos direitos e garantias dos povos indígenas do Brasil.

As mulheres também preparam uma agenda de lutas e mobilizações objetivando a realização da 3ª Marcha das Mulheres Indígenas em setembro de 2023 (Tiago Miotto/Cimi/Reprodução)

Mais mobilização

A agenda das organizações indígenas aponta outras iniciativas ainda em 2023, entre elas a Pré-Marcha das Mulheres Indígenas, também em Brasília. O evento acontecerá dos dias 29 de janeiro a 1° de fevereiro.

A mobilização e a organização é da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga). O evento tem como objetivo debater, coletivamente, a construção da 3ª Marcha das Mulheres Indígenas prevista para setembro de 2023.  

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