Mulheres são as que mais investem e inovam no empreendedorismo diante do desemprego

Na América Latina o número de mulheres fora do mercado de trabalho saltou de 66 milhões para 83 milhões com a pandemia (Guilherme Oliveira/Revista Cenarium)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – As micro e pequenas empresas lideradas por mulheres foram as mais afetadas pelos impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus. Além disso, o desemprego também afetou mais intensamente as mulheres, de acordo com economistas entrevistados pela REVISTA CENARIUM. Apesar disso, as mulheres se mostraram mais inovadoras do que os homens diante da dificuldade de empreender neste período de instabilidade econômica.

As informações foram levantadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). De acordo com o levantamento, 52% das micro e pequenas empresas lideradas por mulheres paralisaram “de vez” ou temporariamente as atividades. Entre homens do mesmo segmento, o índice é de 47%.

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Segundo a economista Denise Kassama, 2020 foi um ano terrível para a economia, com pesados impactos no mercado de trabalho de uma forma geral, principalmente, no número de mulheres que ficaram desempregadas. “Embora representem 51,5% da população, o ano fechou com apenas 45,8% de mulheres trabalhando, um dos mais baixos índices desde a década de 90. Além disso, o desemprego fechou 2020 com 17,2% de mulheres desempregadas, enquanto nos homens este índice foi de 11,9%”, destacou a economista, que é vice-presidente da Federação Nacional dos Economistas (Fenecon).

Inovadoras

O Sebrae indicou ainda que as mulheres empreendedoras demonstraram maior agilidade e competência ao implementar inovações em seus negócios. A maioria das mulheres (71%) faz uso das redes sociais, aplicativos ou internet para vender seus produtos. Já o percentual de homens que utilizam essas ferramentas é bem menor: 63%. Essa vantagem das mulheres diante dos empresários também foi verificada no uso do delivery e nas mudanças desenvolvidas em produtos e serviços.

Para Denise Kassama, as mulheres não ficaram paradas diante das negativas de números como os do desemprego, por exemplo. Elas se mostraram versáteis ao se adaptar a este novo cenário econômico. “Normalmente, a mulher que, durante a crise, quando não é a principal provedora, toma a iniciativa de trabalhos complementares para ajudar na renda da família e que geralmente, diante deste cenário, acaba tornando a renda complementar a principal fonte da família. Também não é incomum a realidade da mulher que realiza todas essas atividades acumulando com as responsabilidades de gerenciamento do lar”, ressaltou a economista.

Em sintonia com dados históricos do Sebrae, o levantamento indicou que há uma predominância das mulheres que empreendem em casa (35%), em comparação com os homens (29%). Em geral, essa situação se dá em razão das mulheres buscarem compatibilizar a rotina do negócio com as demandas domésticas.

Amazonas

Segundo o Sebrae, no Amazonas, 160.495 mil mulheres são empreendedoras e, destas, 53% assumem as responsabilidades financeiras como chefes de domicílio.

Só no Amazonas, das mais de 160 mil pequenas empresárias, 77% recebem até um salário mínimo, 61% possuem até 44 anos, 38% trabalham mais de 40 horas por semana, 31% possuem o negócio há menos de dois anos e só 10% contribuem com a previdência.

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