No AM, Defensoria promove roda de conversa em alusão ao Dia Nacional da Luta da População em Situação de Rua

Durante o evento, foram ouvidas pessoas que vivem ou já saíram das ruas e debatidos caminhos para construir políticas públicas mais eficientes (Evandro Seixas/DPE-AM)
Com informações da assessoria

MANAUS – No Dia Nacional da Luta da População em situação de rua, lembrado nesta sexta-feira, 19, a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) realizou uma roda de conversa com órgãos públicos, projetos sociais e com pessoas que vivem nessa condição de vulnerabilidade social. O objetivo foi não só ouvir os anseios da população em situação de rua, mas também discutir e apresentar iniciativas que podem colaborar para a construção de políticas mais efetivas para a comunidade. 

A data foi escolhida em alusão ao massacre na Praça da Sé, em São Paulo, ocorrido em 2004. Na ocasião, sete pessoas em situação de rua foram assassinadas, violentamente, e várias ficaram feridas. Até hoje, o Estado não foi responsabilizado.  

Durante o evento, a coordenadora do Grupo de Trabalho Pop Rua, defensora pública Stéfanie Sobral, destacou a importância da data e dos avanços ocorridos nos últimos anos.   

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“Hoje, completa-se 18 anos desse episódio triste. Mas foi a partir dele que iniciou, de fato, a criação de um movimento nacional e o fortalecimento da causa da população de rua. De lá para cá, tivemos muitos avanços, mas ainda temos muito para lutar, para melhorar os atendimentos a essas pessoas em situação de extrema vulnerabilidade. E nós, enquanto Defensoria, temos nos colocado à disposição para garantir direitos. Nosso objetivo é não somente contribuir para melhorar o atendimento, mas também fortalecer toda a rede que atua na causa”, disse ela. 

Participaram do evento, organizações e projetos sociais que realizam abordagens com a população de rua, por toda capital, instituições públicas e pessoas que estão no processo de saída das ruas.  

“Eu acredito que a população de rua precisa de um olhar diferenciado. Os órgãos precisam dar uma atenção especial, porque nem toda pessoa que mora na rua é usuário de drogas. A gente precisa de oportunidade. Há muitos casos de pessoas que saíram de casa por discriminação, por serem LGBTQIA+ ou por terem sofrido um abuso sexual. Todos nós somos seres humanos e temos direito a uma vida digna”, falou Gabriela Ramos, que viveu nas ruas por muitos anos e, hoje, está em um abrigo.   

Pesquisa Científica

Durante a roda de conversa, a assistente social Rosiane Palheta e a psicóloga Raquel Lira, integrantes do programa Consultório de Rua, da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), apresentaram o livro “(Sobre)Vivências nas ruas de Manaus”.  

Na publicação, as escritoras trazem um trabalho pioneiro de pesquisa científica sobre as características da população de rua, em Manaus, destacando os fatores que as levaram às ruas, faixa etária e outros aspectos sociais. A obra também traz o relato de pessoas entrevistadas durante a pesquisa.  

“O livro foca na questão da saúde e como é o nosso trabalho, na rua, para essas pessoas que são, muitas vezes, invisíveis perante a sociedade. É importante que eles saibam como tudo funciona e a parceria com a Defensoria é fundamental, porque eles precisam de saúde, mas também precisam de assistência jurídica e tantas outras demandas”, comentou Raquel Lira.  

“A gente ainda precisa caminhar bastante e levar essas pessoas a acreditarem que podem mudar de vida, que podem exercer seus direitos e reivindicar também. O Consultório de Rua é um exemplo de política de inclusão, para levar saúde a essa comunidade, porém, precisamos de muito mais”, afirmou Rosiane Palheta.  

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