No Amapá, coletivo luta pela reconstrução de escola que desmoronou com erosão de margem de rio

Campanha do Gira Mundo para a reconstrução da Escola do Bosque. (Sereia Caranguejo/ Gira Mundo)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Associação Gira Mundo existe há 18 anos no Estado do Amapá e trabalha há dez anos no arquipélago de Bailique, na capital amapaense. A luta do coletivo, entre outras pautas, é pela construção da Escola do Bosque, única com modelo sustentável que ficava localizada no arquipélago, que desmoronou com as erosões de terras às margens do Rio Amazonas. O centro educacional atendia 80% dos alunos, de mais de 50 comunidades.

O coletivo foi um dos selecionados pelo programa Inovação e Aceleração na Região Amazônica (Iara), da Agência Purpose, para desenvolver ações durante o período eleitoral. A diretora da Associação Gira Mundo, Rayane de Almeida Penha, explica que Bailique é uma localidade de extrema importância no período eleitoral, já que é onde, geralmente, as eleições majoritárias são definidas a partir dos votos do arquipélago.

“O nosso ‘link’ [com o programa] foi por conta que Bailique é um dos maiores colégios eleitorais do Estado, e sempre tem esse assédio na época das eleições, mas não tem políticas públicas voltadas para o arquipélago”, disse Rayane.

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A Escola do Bosque desmoronou com o fenômeno “terras caídas”. (Sereia Caranguejo/ Gira Mundo)

A representante do coletivo disse, ainda, que Bailique tem uma questão histórica com problemas socioambientais e a crise climática. Além da erosão, conhecida regionalmente como fenômeno das “terras caídas”, a localidade enfrenta o aumento da salinidade das águas dos mananciais, que compromete o acesso à água potável e causa a crise hídrica.

“A escola vinha caindo ao longo dos anos por conta das erosões, e nunca ocorreu uma ação do poder público para resolver isso. A escola só foi caindo, e esse ano ruiu. As comunidades ficaram sem escola e a gente veio fazendo esse pedido, tanto com a Secretaria de Educação do Estado quanto denunciando ao Ministério Público, para que houvesse a reconstrução da escola e nunca fomos atendidos”, complementou Rayane.

Atividade da Associação Gira Mundo, em Bailique. (Sereia Caranguejo/ Gira Mundo)

Programa

O programa Iara selecionou dez grupos de jovens na Amazônia que têm desenvolvido ações, junto a comunidades em seus Estados, para chamar a atenção do poder público para problemas socioambientais e, também, conscientizar localidades para votarem em candidatos comprometidos com a agente socioambiental da região. Eles receberam financiamento para trabalhar em seus Estados.

Os coletivos e associações selecionados foram: no Amazonas, o Instituto Capuaã e Coletivo Ponta de Lança; no Amapá, o Coletivo Gira Mundo e o coletivo Utopia Negra Amapaense foram os escolhidos; Os representantes do Pará são o Coletivo Gueto Hub e a Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Santarém (AMTR); por fim, nos Estados do Maranhão e Tocantins, o Coletivo Desenvolvimento e Juventude (Cdjuv) representa ambos.

“Apesar da importância da Amazônia para o planeta, debates e estratégias em busca de soluções para o bioma não incluem vozes locais e, portanto, não condizem com a realidade e os desafios que a região e seus cidadãos enfrentam”, explicou Ana Clara Toledo, da Purpose. “O programa foi criado justamente para potencializar os grupos que já atuam localmente, promovendo mudanças que impactem positivamente a população”.

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