Início » Poder » No PA, indígenas Kayapó denunciam cooperativa de exploração ilegal e MPF pede suspensão das atividades
No PA, indígenas Kayapó denunciam cooperativa de exploração ilegal e MPF pede suspensão das atividades
Cantor Sérgio Reis com indígenas, em visita ao município de Aldeias Tucumã, no Pará (Reprodução/Infoglobo)
Compartilhe:
06 de julho de 2022
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) entrou com ação pública pedindo urgência para que a Justiça suspenda as atividades da cooperativa Kayapó, criada em 2018 pelo cantor e ex-deputado federal Sérgio Reis e pelo empresário João Gesse, acusada de extrair, ilegalmente, minério da Terra Indígena Kayapó, no sudeste do Pará.
Denunciada inúmeras vezes pelos indígenas Kayapó, a cooperativa é acusada de explorar as terras, causando grandes extrações, explorando de forma agroindustrial e com isso, produzindo e comercializando as essências nativas. Ação que é proibida, segundo a Constituição Federal de 1988, e foi usada na justificativa do MPF.
Os indígenas chegaram a divulgar, ao longo dos anos, cartas e vídeos denunciando a situação no local. As manifestações contrárias à cooperativa chegaram até a apuração realizada pelo MPF-PA, que entrou com a ação judicial na Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa) pedindo a anulação no ato que constituiu a cooperativa, além de pedir a suspensão imediata das atividades e negar autorização dentro da área indígena.
PUBLICIDADE
“Não precisamos que brancos falem por nós”, diz trecho da carta contra a cooperativa escrita por lideranças indígenas durante reunião realizada na aldeia Kayapó Kanhkro, município de Ourilândia do Norte, no Pará, em março de 2021.
Dentre os relatos, os indígenas ainda apontaram a falta de transparência da Fundação Nacional do Índio (Funai) e o quanto as muitas explorações em terras indígenas estavam prejudicando a vida nas aldeias. “Precisamos nos unir para lutar pelos nossos direitos”, diz trecho da carta.
Suspensão das atividades
Para o procurador da República autor da ação, Rafael Martins da Silva, está mais que evidente que o objetivo e as atividades da cooperativa são ilícitos e que é urgente a necessidade de suspensão das atividades.
“Embora conste a presença de lideranças indígenas no Estatuto da Cooperativa, os povos originários detêm apenas a posse de suas terras, a propriedade permanece com a União, isto é, não basta que essas lideranças façam parte da cooperativa para que seu funcionamento seja legal”, relata o procurador em trecho do documento.
Por isso, o MPF também pediu que, caso a Justiça acolha os pedidos urgentes da ação e determine a suspensão imediata da cooperativa, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) sejam obrigados a realizarem fiscalizações para verificar se as atividades citadas na ação foram, efetivamente, suspensas e também pede que a cooperativa seja condenada a pagar indenização por danos morais coletivos, que será convertida para investimento em saúde e educação na terra indígena.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.