No segundo semestre, Fiocruz reduz em R$ 10 milhões estimativa de entrega da vacinas

A informação foi divulgada por Maurício Zuma, diretor de Bio-Manguinhos e por Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, em coletiva nesta quarta-feira, 2 (Cléber Júnior/Agência O Globo)

Com informações do O Globo

RIO DE JANEIRO – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reduziu a previsão de entrega de vacinas contra a Covid-19 no segundo semestre de 110 milhões para 100 milhões de doses. Anteriormente, a estimativa era que o total fosse produzido com Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) nacional. Agora, a projeção é que sejam entregues 50 milhões de imunizantes com produção 100% nacional e mais 50 milhões com insumo importado, que está sendo negociado.

A informação foi divulgada por Maurício Zuma, diretor de Bio-Manguinhos e por Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, em coletiva nesta quarta-feira, 1.

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Segundo Trindade, a projeção anterior de 110 milhões de doses com produção 100% nacional era uma estimativa que foi feita a partir de dados disponíveis antes mesmo de a vacina desenvolvida por Oxford/AstraZeneca ter sido aprovada.

“Houve problemas em vários sítios de produção, por ser uma tecnologia nova. São coisas que só no processo de desenvolvimento é possível saber”, explicou.

Zuma explicou que provavelmente será possível produzir mais de 50 milhões de doses com o IFA nacional até o fim do ano, mas “dificilmente” será possível entregar além dessa quantidade, porque elas precisam passar por um processo de controle de qualidade que leva tempo.

Trindade afirmou, ainda, que há possibilidade de um hiato nas entregas de doses pela Fiocruz, que têm ocorrido continuamente, nos meses de agosto e setembro, mas que a Fundação está trabalhando para que não aconteça.

“Tudo isso vai depender da chegada do IFA, por isso estamos divulgando a estimativa mês a mês desse cronograma mais fino das entregas. Temos que ter clareza de que a situação no mundo é muito difícil em termos de IFA”, disse.

A Fiocruz recebeu nesta quarta-feira dois bancos, um de células e um de vírus, para a produção do IFA nacional da vacina contra a Covid-19. Os dois componentes compõem a base para a produção do insumo, sendo considerados o “coração” da tecnologia para a produção da vacina, segundo a Fundação.

Com isso, o Brasil poderá produzir o imunizante de Oxford/AstraZeneca sem depender da importação do IFA da China. Mas a produção do insumo nacional passa por uma série de etapas que podem durar “alguns meses”, informa a Fiocruz. A previsão é que as primeiras doses da vacina “totalmente nacional” sejam entregues em outubro.

Os bancos de células e de vírus vieram dos Estados Unidos e chegaram nesta manhã, por volta das 8h, no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão), e seguiram para o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), onde o imunizante será produzido.

A chegada ocorre no dia seguinte à assinatura do contrato de transferência de tecnologia pelo Ministério da Saúde na terça-feira, permitindo a produção, pela Fiocruz, dos insumos necessários para a fabricação da vacina de Oxford/AstraZeneca em território nacional.

A Fiocruz informou que o banco de células foi enviado em nitrogênio líquido, mantidos a uma temperatura de aproximadamente -150ºC, e o banco de vírus em gelo seco, a cerca de -80ºC.

Zuma explica que o quantitativo inicial vai possibilitar produzir alguns lotes de vacina, e enquanto isso outras remessas “estarão chegando para dar continuidade à produção”, disse.

“Os bancos costumam vir em várias remessas para não correr o risco de se perder. Começaremos a produção dos primeiros lotes (de IFA nacional) em junho, nas primeiras semanas. É um processo longo, de pelo menos 45 dias de produção, depois tem o controle de qualidade”, afirmou. 

O diretor de Bio-Manguinhos explicou que depois será possível produzir os próprios bancos de células aqui, a partir do que for recebido, mas ainda é preciso definir se será mais vantajoso produzir, o que ocuparia espaço de produção, ou continuar comprando esse material.

Segundo Zuma, entre agosto e setembro será possível alcançar uma produção em torno de 15 milhões de doses por mês da vacina com IFA nacional.

Questionado se a demora na assinatura do contrato de transferência de tecnologia com a AstraZeneca teria impactado a revisão das estimativas iniciais de entregas de doses produzidas com insumos nacionais, Zuma respondeu que não, e explicou, ainda, que esse tipo de contrato é “complexo” e costuma demorar mais de um ano para ser firmado.

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