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‘Nossos pobres estão sofrendo muito’, afirma cardeal da Amazônia no Grito dos Excluídos
Cardeal da Amazônia durante carreata do Grito dos Excluídos, na Cidade Nova. (Foto: Jefferson Ramos/ Revista Cenarium Amazônia)
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08 de setembro de 2023
Jefferson Ramos – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – O cardeal da Amazônia, arcebispo metropolitano de Manaus dom Leonardo Steiner, afirmou que o Grito dos Excluídos, conjunto de manifestações realizada pela Igreja Católica desde 1995, tem ajudado a sociedade civil organizada a despertar para problemáticas sociais importantes.
Nesta 29ª edição do Grito dos Excluídos, a igreja reuniu nesta quinta-feira, 7, diversos movimentos sociais, que saíram em carreata pelo bairro da Cidade Nova, Zona Norte, entoando o tema “Você tem fome e sede de quê?”. A intenção da manifestação é chamar a atenção para a ausência de políticas públicas em diversas áreas, como saúde, educação e moradia.
“Não conseguimos dar solução para tudo, porque dependemos de políticas públicas dos governos, mas damos muitos passos. Acho que hoje temos uma consciência muito maior de fraternidade e partilha“, destacou Steiner, que, antes da passeata, celebrou missa em prol da Amazônia.
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À REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, dom Leonardo demonstrou cautela ao comentar a aprovação pela Câmara dos Deputados na terça-feira, 5, de limite sobre os juros do cartão de crédito, conhecido como rotativo. Para ele, a iniciativa pode funcionar, mas é necessário aguardar.
“Precisamos ver o resultado, porque são iniciativas que pensamos que vão dar certo, mas dentro da engrenagem da economia, é um pouco difícil. Esperamos que dê certo porque os nossos pobres estão sofrendo muito“, avaliou.
Pobreza
O padre Alcimar Araújo da paróquia de São Pedro Apóstolo, que integra a organização da manifestação, explicou que o grito é uma expressão tradicionalmente puxada pelas pastorais da igreja, entre elas, a pastoral da juventude, da pessoa idosa e da saúde.
O religioso denuncia que a Amazônia, especialmente o Amazonas, tem fome, no qual cerca de 47% da população vive abaixo da linha da pobreza.
“É um grito que nasce do chão e do estômago de muita gente. Do nosso povo. Também temos fome de trabalho, que é muito importante. Fome de teto, terra, direitos e de políticas públicas. Elas existem, mas têm que ser colocadas em prática. Temos que ter sede de compromisso político, de uma vida mais digna, com justiça socioambiental“, cobrou o padre.
A irmã Santina Perin, missionária que trabalha com vítimas do tráfico de pessoas e migrantes, disse haver inúmeras injustiças, entre elas, a falta de creches para as mães que trabalham.
“As mães pobres vão para os trabalhos, às vezes, deixam as crianças com a avó, vizinho e parentes. E é nesse instante que as crianças podem sofrer abusos. Queremos nos somar aos demais gritos. Tem muita gente gritando e esses gritos todos são leais e justos“, contou Santina.
Habitação
Rodrigo Furtado, coordenador-geral da Central de Movimentos Populares (CMP) no Amazonas, disse que a participação do CMP no Grito dos Excluídos teve o objetivo de jogar luz sobre o déficit habitacional no Amazonas.
“Amazonas possui mais de 160 mil pessoas sem ter onde morar e os governos locais junto com o governo Bolsonaro não tinham desenvolvido políticas habitacionais. Com Lula, recuperamos essa política pública, o Minha Casa, Minha Vida. Por conta disso, decidimos nos agregar ao movimento para chamar a atenção das autoridades locais para a moradia e emprego“, declarou.
Ele adicionou que desde 1996, o CMP se soma às bases eclesiais da igreja para fortalecer a luta do campo popular.
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