‘Nunca vi nada igual’, diz presidente Lula sobre seca na Amazônia
Por: Mayara Subtil
24 de outubro de 2023
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada em Brasília (Ricardo Stuckert/PR)
Mayara Subtil – Da Revista Cenarium Amazônia
BRASÍLIA (DF) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou a severa seca que afeta a Amazônia nesta terça-feira, 24, durante live semanal, no Palácio da Alvorada, em Brasília. O chefe do Executivo declarou nunca ter visto nada igual, referindo-se diretamente às consequências da forte estiagem que assola a Região Norte.
“Nós temos que cuidar da seca na Região Norte, Pará, Amazonas, Acre, Amapá. Eu nunca vi nada igual. Nunca vi o Rio Solimões tão seco, nunca vi o Rio Tapajós tão seco, nunca vi o Rio Madeira tão seco. Nós vamos tentar cuidar dessa gente. Nós vamos ajudar, na medida do possível, pelo Ministério da Integração, por meio do companheiro Waldez [Góes], as nossas Forças Armadas… Ou seja, nós estamos preparados para colocar o governo federal à disposição“, declarou o presidente.
Peixes mortos pela seca do Lago do Piranha, em razão da seca severa na Amazônia (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)
Alguns dos importantes rios que cortam a região seguem com níveis abaixo do esperado. Depois de ter registrado a pior marca em 121 anos, o nível do Rio Negro, por exemplo, continua em queda, batendo a marca de 12,89 metros na segunda-feira, 23, no Porto de Manaus. O cenário põe em risco a qualidade da água em diversas cidades, assim como dificulta a navegabilidade. Também compromete a pesca e acentua a mortandade de peixes.
Para aliviar os impactos econômicos por conta da estiagem, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes deu início na segunda, 23, à dragagem no trecho do Rio Amazonas, conhecido como Costa do Tabocal, a cerca de 270 quilômetros da capital Manaus. Serafim Corrêa, secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Amazonas, confirmou a informação via X, antigo Twitter.
A atual seca é agravada pela atuação do fenômeno El Niño, que é o aquecimento fora do normal do Pacífico Equatorial. O que piora ainda mais o quadro é que, além do El Niño estar mais forte em 2023, os efeitos estão potencializados em razão do aquecimento do Atlântico Tropical Norte.
No dia 13 de outubro, durante coletiva de imprensa na sede do Ibama, em Brasília, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, chegou a anunciar que o governo federal estuda criar dois planos: um emergencial, para combater eventos extremos, e outro estruturante para prevenção de eventos extremos. Também não descartou a possibilidade de decretar emergência climática permanente.
“O plano emergencial é treinar as brigadas, treinar as pessoas para a questão da Defesa Civil, rotas de fuga, alertas rápidos e monitoramento simplificado em parceria com os sistemas mais complexos do governo federal. Isso é o emergencial. E o plano para olhar os mais de mil municípios mais sensíveis a esses eventos extremos já mapeados pelo Cemaden. Também decretar emergência climática, de forma permanente, para que se possa ter ação continuada, nesses municípios, na agenda de adaptação, e um grande esforço para a mitigação. Isso tem a ver com o esforço do Brasil, mas também com esforço global“, detalhou Marina na ocasião.
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