Marina Silva anuncia reforço para combater incêndios no AM

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o ministro do Desenvolvimento Regional do Brasil, Waldez Góes, durante entrevista coletiva sobre seca e incêndios no Amazonas. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Mayara Subtil – Da Revista Cenarium Amazônia*

BRASÍLIA (DF) – A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva falou, nesta sexta-feira, 13, que o cenário de queimadas que vive o Amazonas é “de extrema gravidade”, além de uma “situação bastante perigosa”. Ao lado do ministro da Integração Regional, Waldez Góes, e do presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, ela anunciou reforços no combate aos incêndios florestais no Estado.

A fala ocorreu na sede do Ibama, em Brasília, durante entrevista coletiva para esclarecimentos sobre as ações integradas do Executivo contra incêndios florestais na região. O número de focos de calor no Estado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já se aproxima de 3 mil.

É uma situação de extrema gravidade porque há um cruzamento de fatores: primeiro deles é a grande estiagem provocada pelo El Niño, agravada pelo problema da mudança do clima. Matéria orgânica em grande quantidade ressecada, fogo em propriedades particulares e propriedades públicas criminoso faz com que se tenha duas frentes de combate no Amazonas. A frente ali no Sul do Amazonas, dentro de terras públicas federais, e no entorno de Manaus. Nós temos, hoje, uma situação bastante perigosa. Temos uma estiagem prolongada e nós temos muita matéria orgânica acumulada e completamente ressecada”, disse a ministra.

A seca e o ar poluído pela fumaça fez o Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia) recomendar o uso de máscaras à população. Em alguns bairros de Manaus, a qualidade do ar é considerada “péssima”. E a quantidade de poluentes nessa quinta-feira, 12, esteve cinco vezes maior do que já é considerado “muito ruim” pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente. Marina Silva ainda lembrou que a redução do desmatamento no Amazonas não minimiza a situação crítica.

Ministra Marina Silva em coletiva de imprensa com ministro da Integração Regional, Waldez Góes e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, sobre os incêndios florestais no Amazonas. (Mayara Subtil/ Revista Cenarium).

Mesmo com uma redução de 64% no Estado do Amazonas do desmatamento, nós ainda temos uma situação de bastante dificuldade. Imagine se tivesse mantido o padrão no ano passado? Reduzindo 64% do desmatamento, porque o principal vetor das queimadas é o desmatamento. Não existe fogo natural na Amazônia. Ou ele é feito propositadamente por criminosos ou é a transformação da cobertura vegetal para determinados usos”, reforçou a ministra.

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Segundo a ministra, o governo federal está mobilizando mais 100 brigadistas de outros Estados para atuarem no Amazonas, somando-se aos 200 já na região, além da doação de 200 kits de equipamentos para brigadistas, dois helicópteros, intensificação da fiscalização e responsabilização de infratores e apoio de equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) especializadas em resgate de fauna. A expectativa, no entanto, é de que o cenário continue muito problemático até o final do mês de novembro.

Combater fogo requer muita técnica, muita persistência e muita capacidade de atuar em situação de risco. E precisa de uma atuação coordenada. Estamos também já com o encaminhamento graças a ajuda da Força Aérea Brasileira para entregar os kits que foram solicitados pelo governo do estado. Provavelmente vai chegar entre hoje e amanhã. Disponibilizando cerca de mais duas aeronaves de combate ao fogo”, complementou.

Outras medidas

A ministra ainda anunciou que o governo federal estuda criar dois planos: um emergencial, para combater eventos extremos, e outro estruturante para prevenção de eventos extremos. Também não descartou a possibilidade de decretar emergência climática permanente.

O plano emergencial é treinar as brigadas, treinar as pessoas para a questão da Defesa Civil, rotas de fuga, alertas rápidos, monitoramento simplificado em parceria com os sistemas mais complexos do governo federal. Isso é o emergencial. E o plano para olhar os mais de mil municípios mais sensíveis a esses eventos extremos já mapeados pelo Cemaden. Também decretar emergência climática de forma permanente para que se possa ter ação continuada nesses municípios na agenda de adaptação e um grande esforço para a mitigação. Isso tem a ver com o esforço do Brasil, mas também com esforço global“, detalhou Marina.

O ministro Waldez Góes disse que o número de municípios em situação de emergência deve passar dos 60. Lembrou, ainda, que a operação logística para levar ajuda a essas cidades é “muito desafiadora”. Góes disse também que haverá os recursos financeiros necessários para o atendimento da população em vulnerabilidade. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está acompanhando o problema e dando orientações aos ministros.

Conforme o Ibama, os municípios de Autazes e Careiro Castanho concentram, até o momento, o maior número de focos de incêndios, sendo que grande parte da fumaça que atinge a capital Manaus é oriunda de Autazes. O presidente do instituto, Rodrigo Agostinho informou que a qualidade do ar na capital do Amazonas está mais de dez vezes pior do que o máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Editado por Marcela Leiros
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