Seca no Norte tem risco de se estender até 2025, diz ministro Waldez Góes

Ministro Waldez Góes acredita que seca na Amazônia pode se estender até 2025 (Antônio Cruz/Agência Brasil)
Mayara Subtil – Da Revista Cenarium Amazônia

BRASÍLIA (DF) – O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, disse na segunda-feira, 23, acreditar haver risco da forte estiagem que assola a Amazônia se estender até 2025. A declaração ocorreu após uma reunião interministerial, em Brasília, para alinhamento de apoio ao Amapá, em razão das queimadas e da falta de chuva no Estado. Mirando na reversão da estimativa, segundo Góes, é necessário estruturar um programa de prevenção para toda a Região Norte.

Uma das ações que nós vamos fazer, via Ministério da Integração, é já perfurar poço artesiano e garantir sistemas de água, já prevendo o próximo verão. Esses planos, nós chamamos de planos mais estrutural, plano de prevenção, de evitar que seja repetida a situação de estiagem, que a população não sofra tanto nos próximos anos”, explicou o ministro.

A severa seca na Amazônia já impacta a navegação e o acesso à água, intensifica as queimadas e contribui com perdas na produção agrícola familiar. A estiagem é mais alarmante na chamada Amazônia Ocidental: Acre, Rondônia, Roraima e Amazonas.

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Rio afetado pela seca no Acre (Alexandre Noronha/Sema-Acre)

A atual seca é agravada pela atuação do El Niño, que é o aquecimento fora do normal do Pacífico Equatorial. O que piora ainda mais o quadro é que, além do El Niño estar mais forte em 2023, os efeitos estão potencializados em razão do aquecimento do Atlântico Tropical Norte.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, sinalizou no começo deste mês que o El Ninõ atípico em razão das mudanças climáticas gera efeitos devastadores. Destacou que, atualmente, três mil brigadistas do Ibama atuam em nove Estados amazônicos que estão enfrentando as queimadas. A severa estiagem é agravada pelo desmatamento e fogo.

No caso do Amapá, em específico, a ministra não descartou a possibilidade de envio de mais reforços. “Nós já temos uma brigada que funciona no Estado do Amapá e, se for feita requisição de reforço, nós vamos procurar manejar de outras situações para poder mandar para o Estado do Amapá”, disse Marina.

Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já sinalizou que El Niño mais forte pode gerar efeitos devastadores (Adriano Machado/24.mar.22/Reuters)

Ainda de acordo com o ministro Waldez Góes, a expectativa é que nesta terça-feira, 24, seja apresentado ao governador do Amapá, Clécio Luis, em Brasília, as medidas de apoio que poderão ser adotadas pelo governo federal. Também está prevista a antecipação da liberação de R$ 135 milhões em emendas da bancada federal do Amapá.

Nós podemos apresentar tudo que o Executivo tem de apoio para oferecer ao governo do Estado e como o governo do Estado e os municípios podem solicitar, como deve preencher documentos, como se comunica com o governo federal, para ser atendido”, reforçou Góes.

O cenário de estiagem no Amapá tem sido mais preocupante no município de Tartarugalzinho, que decretou situação de emergência no dia 13 de outubro. O município lidera o número de incêndios nos últimos dois meses no Estado e a acentuada baixa no nível dos rios tem causado o desabastecimento de água potável.

Leia mais: Seca: comunidades quilombolas do Oeste do Pará enfrentam escassez de água e alimentos
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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