Nuvem de fumaça: qualidade do ar alcança nível crítico em Manaus
05 de outubro de 2023

Yana Lima – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS – A qualidade do ar em Manaus atingiu o nível mais crítico, segundo índice do World Air Quality Index (Índice de Qualidade do Ar Mundial), da Agência Mundial de Proteção Ambiental. O nível “perigoso” ocorre quando o parâmetro ultrapassa 300. Na madrugada desta quinta-feira, 5, em Manaus, esse índice ultrapassou os 500 pontos, e gerou um alerta de saúde: “todos podem sofrer efeitos mais graves para a saúde e devem evitar todos os esforços ao ar livre”.
Na manhã desta quinta-feira, 5, segundo o mesmo índice, o ar está classificado como não saudável para grupos sensíveis. Crianças e adultos ativos, bem como pessoas com doenças respiratórias, como asma, devem limitar o esforço prolongado ao ar livre, conforme o alerta.

O Índice de Qualidade do Ar Mundial é influenciado por uma combinação de fatores, incluindo a estiagem e os incêndios florestais que têm afetado a região.
Pará
Outro estado da Amazônia que sofre com a fumaça é o Pará. Pelo quarto dia consecutivo, a região metropolitana de Belém amanheceu coberta por uma densa fumaça por conta de focos de incêndios na capital e municípios vizinhos.
Desde a noite de sábado, 30, a área do antigo lixão do Aurá, em Belém, está em chamas. Dois dias depois, outro lixão pegou fogo, o de Águas Lindas, em Ananindeua.
Em comunicado emitido na última terça-feira, 3, o Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA) e a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil explicaram que a falta de chuvas e incêndios contribuem para a formação dessa “nuvem de fumaça”.
Repercussão nas redes sociais
A fumaça que tomou conta da cidade na noite dessa quarta-feira, 4, gerou grande preocupação entre os moradores da capital, levando muitos deles a compartilhar suas experiências nas redes sociais.
Nas postagens, os internautas relataram os efeitos que estão sentindo em suas casas, incluindo dificuldades respiratórias, olhos irritados e a sensação de estar vivendo sob um véu de fumaça.



Queimadas e incêndios
Os focos de calor registrados, somados às altas temperaturas causadas pelo agravamento do El Niño, dificultam a dispersão da fumaça no ar, fazendo com que ela se acumule sobre a cidade.
Segundo boletim do Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Situação de Emergência Ambiental, do Governo do Amazonas, o estado já registrou 15.335 focos de calor de 1º de janeiro a 3 de outubro de 2023.
Os dados do Corpo de Bombeiros também apontam para 1.616 incêndios combatidos durante o período de 12 de julho a 3 de outubro, sendo 556 na capital e 1.060 no interior do estado. Segundo o documento, 12% dos focos de calor estão na região metropolitana (1.929 focos).

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Riscos
Em reportagem publicada em setembro, a REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA já alertava para os riscos da inalação de fumaça. O pneumologista David Luniere ressalta que a combinação de ar seco e a presença de poluentes na atmosfera pode causar irritação na mucosa respiratória, resultando em sintomas como tosse, dor no peito, sensação de falta de ar, chiado no peito, irritação na garganta e desconforto nos olhos, incluindo lacrimejamento, vermelhidão e coceira.
Para ajudar a minimizar os sintomas causados pela exposição à fumaça, especialistas recomendam a umidificação do ar em ambientes internos, o uso de nebulização ou lavagem nasal com soro fisiológico, o uso de máscaras ao sair de casa para evitar a inalação de poluentes e o uso regular de medicamentos para quem tem doenças respiratórias.