Onda de calor provocada por El Niño vai se prolongar até abril de 2024, aponta OMM

Mapa sobre a onda de calor (Universidade de Maine/Reprodução)
Winicyus Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – A onda de calor que atinge todo o Brasil, com a elevação dos termômetros, tem relação direta com o El Niño, muito mais rigoroso neste ano, e com a Crise do Clima, causada pela emissão de gases de efeito estufa. Em relatório divulgado na última terça-feira, 7, a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) destacou que o fenômeno El Niño, vinculado ao aumento das temperaturas observado neste ano, deve seguir até abril de 2024. O que sugere uma forte possibilidade de um aumento expressivo nas temperaturas, tanto no final deste ano quanto ao longo do próximo.

Segundo a OMM, o El Niño teve um desenvolvimento acelerado nos meses de julho e agosto deste ano, alcançando uma intensidade considerada “moderada” em setembro. Somente em outubro, o fenômeno atingiu estabilidade.

A organização antecipa que o El Niño ainda não atingiu seu pico máximo. Para os especialistas, é provável que os impactos persistam tanto no planeta quanto na saúde humana, devido à contínua elevação das temperaturas e ao aumento previsto nos termômetros.

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Mapa de calor mostrando a anomalia global de temperatura em junho, segundo o Copernicus. Imagem registra aquecimento extremo do Atlântico Norte e temperaturas mais altas na região tropical do Pacífico, causadas pelo El Niño (C3S/ECMWF/Copernicus)

O fenômeno El Niño ocorre, em média, a cada dois a sete anos e, geralmente, tem uma duração de nove a 12 meses. Está ligado ao aquecimento da superfície do Oceano Pacífico tropical central e oriental. Em 2023, o El Niño está ocorrendo em um contexto de mudanças climáticas “atribuídas às atividades humanas”, conforme indicado pela OMM.

Um exemplo dessas mudanças é a fumaça dos incêndios florestais que tem chegado a Manaus (AM) e estão levando os moradores a retomar o uso de máscaras. Além disso, o impacto do calor fez os rios Negro e Solimões registrarem baixas históricas. Já no Sul do Brasil, a passagem de ciclones já resultou na perda de dezenas de vidas neste ano.

Fumaça encobre Manaus, capital do Amazonas (Ricardo Oliveira/20.set.2023/Revista Cenarium Amazônia)
Recordes

Neste domingo, 12, São Paulo e Rio de Janeiro estabeleceram novos recordes de calor para o ano, registrando 37,1°C e 42,5°C, respectivamente. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alertas de “grande perigo” para, pelo menos, seis Estados.

A previsão do Inmet indica que as temperaturas atingirão seus picos nos Estados mais centrais do Brasil, especialmente, no Sudeste e Centro-Oeste, até pelo menos quarta-feira, 15. Em São Paulo, a expectativa da Climatempo sugere que a temperatura só começará a diminuir na semana do dia 20.

O Inmet projeta que as temperaturas em grande parte do País poderão superar a média em até 5°C. Além de São Paulo, cidades como Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Brasília (DF) e Curitiba (PR) experimentarão condições mais quentes em comparação com seus padrões. Nas regiões Sul e Sudeste, as chuvas devem ganhar intensidade ao longo da semana. Na Amazônia, a onda de calor dos próximos dias deve atingir Rondônia e parte do Amazonas, Pará e Tocantins. Contudo, mesmo em Estados não alcançados pela massa de ar quente, os termômetros devem continuar com temperaturas elevadas.

Veja a previsão para algumas cidades em todo o País:
  • Manaus (AM): As temperaturas ficam entre 25°C e 37°C, com chuvas de segunda a quarta-feira;
  • Belém (PA): Poucas nuvens e sem possibilidade de chuvas até sexta-feira, 17, com as temperaturas variando entre 24°C e 35°C;
  • Boa Vista (RR): Poucas nuvens e sem possibilidade de chuvas até sexta-feira, 17, com as temperaturas variando entre 26°C e 39°C;
  • Macapá (AP): Poucas nuvens e sem possibilidade de chuvas até quinta-feira, 16. Na sexta-feira, 17, pode chover em áreas isoladas. As temperaturas variam entre 25°C e 35°C;
  • Rio Branco (AC): Muitas nuvens com possibilidade de chuvas isoladas durante toda a semana. As temperaturas variam entre 24°C e 37°C;
  • Porto Velho (RO): Muitas nuvens com possibilidade de chuvas isoladas durante toda a semana. As temperaturas variam entre 24°C e 38°C.
  • São Paulo (SP): Variação entre 21°C e 38°C, de segunda a sexta-feira, 17, com máxima de 39°C no sábado, 18. No domingo, 19, as temperaturas ficam entre 22°C e 32°C, com previsão de pancadas de chuvas à tarde ou à noite;
  • Rio de Janeiro (RJ): Os dias mais quentes são terça-feira, 14, e sábado, 18, com mínima de 25°C e máxima de 40°C. Nos demais dias, as temperaturas variam entre 24°C e 37°C, com chuvas diária;
  • Belo Horizonte (MG): As temperaturas variam entre 22°C e 37°C durante toda a semana, com chuvas previstas apenas na quarta, sábado e domingo;
  • Porto Alegre (RS): A temperatura varia entre 19°C e 27°C, com chuvas diárias, exceto sábado e domingo;
  • Curitiba (PR): As temperaturas variam entre 19°C e 34°C, durante a maior parte da semana, atingindo a máxima de 37°C na sexta-feira, com chuvas diárias;
  • Cuiabá (MT): Mínima de 26°C e máxima de 43°C, ao longo da semana, com chuvas de segunda a quinta-feira;
  • Brasília (DF): As temperaturas variam entre 20°C e 37°C, com chuvas previstas de terça a quinta-feira e no fim de semana;
  • Belém (PA): As temperaturas variam entre 25°C e 35°C, com chuvas na quarta e quinta-feira;
  • Salvador (BA): As temperaturas ficam entre 24°C e 31°C, com chuvas previstas de terça a quinta-feira;
  • Natal (RN): As temperaturas variam entre 23°C e 31°C, com chuvas de segunda a quinta-feira.
Leia mais: Entenda o que potencializa os efeitos da onda de calor pelo Brasil
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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