ONG projeta parcerias e propõe monitoramento em tempo real de atividades ilegais na Amazônia

O dispositivo autônomo é movido à energia solar e preso em copas de árvores (Divulgação)

Colaborou Ana Carolina Beauvoir

MANAUS – A 12ª Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (GCF Task Force), foi realizada nesta semana em Manaus e contou com a presença de lideranças de 10 países, empresas do setor privado e representantes de Organizações Não Governamentais (ONGs), dentre eles a Rainforest Connections. Vieram ao Brasil Bouhan Yassin (CEO) e Chrissy Durkin (diretora de expansão internacional).

Bouhan conta que em 2014 foi iniciado um projeto na comunidade indígena Tembé, no Leste do Pará. O projeto continua ativo e a intenção é lançar mais projetos e, além disso, garante que é vital que possam fornecer tecnologia e apoio às redes de monitoramento que já existem. 

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A RFCx foi criada como um projeto de voluntariado. O fundador foi voluntário numa reserva de gibões (macacos do sudeste asiático) e descobriu muito rapidamente que passavam mais tempo combatendo desmatamento que de fato protegendo os animais, sendo assim, descobriram que poderiam usar a tecnologia como forma de auxílio no monitoramento, a respeito do que estava acontecendo dentro da reserva. Foi assim que a RFCx começou, um pequeno projeto voluntário que cresceu e tornou-se um projeto maior.

Durante a reunião dessa sexta-feira, 19, uma parceria com a Br Carbon foi fechada, Bouhan conta que a atividade deles é complementar ao trabalho que a RFCx desenvolve. A BR Carbon possui projetos com créditos de carbono, e parte disso inclui a proteção da floresta e monitoramento da biodiversidade, sendo esse parte do foco da RFCx; os representantes não titubearam em somar forças e firmar a parceria.

Bouhan diz que uma das coisas que a ONG pode ajudar é com a criação de dados em tempo real, monitorando atividades ilegais que estão acontecendo. Lembra também que, atualmente, o sistema DETER, que é usado hoje, é baseado em imagens de satélites, mas identifica a falha de que as atividades só são registradas pouco tempo depois das atividades ilegais terem acontecido.

Então, o benefício de usar monitoramento acústico em tempo real é ter a informação imediatamente e poder tomar uma decisão rápida, responder a infração na hora e criar uma maneira mais proativa de responder e parar essas atividades ilegais ao invés de esperar um tempo maior para processar os dados.

Uma parceria com a Br Carbon foi fechada, Bouhan conta que a atividade deles é complementar ao trabalho que a RFCx desenvolve (Divulgação)

Já Chrissy fala a respeito das dificuldades e diz que todos os projetos sempre têm desafios únicos, principalmente, quando se lida com atividades ilegais. São inúmeras as partes interessadas e envolvidas. E necessita-se de muitas pessoas para que o projeto seja alinhado para poder funcionar com sucesso.

Principalmente quando se tem que atuar com parceiros como entidades governamentais, para ela, um dos maiores desafios é fazer que todas as pessoas entrem em consenso para que possamos ir adiante com uma abordagem conjunta, especialmente, para projetos de detecção de ameaças. Além disso, existem os desafios como logística, de como realmente implementar nossos dispositivos em alguns dos ecossistemas mais desafiadores do mundo.

Funcionamento do equipamento

O dispositivo autônomo é movido à energia solar e preso em copas de árvores, acompanhado de um aplicativo onde você pode ter acesso aos áudios e informações e tem conexão direta com os satélites, a partir da inteligência artificial e o time científico, e identifica os sons, tiros, serras, bichinhos e, etc.

Manejar os equipamentos nas árvores e mandar os equipamentos para campo também são desafios. Somado a isso, Chrissy conta que está muito feliz de conhecer a Amazônia, e fala da grandeza da floresta e da biodiversidade. “Espero que nossa tecnologia empodere essas pessoas para auxiliar e manter a floresta em pé, e também auxilie na compreensão das espécies que habitam e quais as melhores formas de proteger a riqueza”, disse.

Manejar os equipamentos nas árvores e mandar os equipamentos para campo também são desafios (Divulgação)

A RFCx reconhece que os moradores locais são as melhores pessoas para proteger a floresta, e contam que com base na experiência, todos ficam contentes em usar novas tecnologias e novas formas de compreender o que está acontecendo na floresta. O que facilita os trabalhos e o torna mais seguro. Portanto, tiveram muitas experiências positivas em todas as comunidades locais com as quais trabalharam. Bouhan finaliza dizendo “nós basicamente estamos ali para apoiar eles - nosso objetivo é entregar essa tecnologia para usarem da melhor forma que quiserem”.

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