ONU estabelece meta para rede mundial de prevenção de desastres climáticos em até cinco anos

A ideia da ONU é que o sistema de prevenção consiga se antecipar às catástrofes e evitar tragédias como a de Petrópolis, no Rio de Janeiro, que matou 234 pessoas em fevereiro (Eduardo Anizelli - 19.fev.22/ Folhapress)
Com informações da Folha de S. Paulo

GENEBRA | AFP – A ONU estabeleceu como meta que, dentro de cinco anos, todos os habitantes da Terra estejam protegidos com sistemas de alerta que previnam dos perigos que as chuvas, tornados ou ciclones podem acarretar.

A meta é ambiciosa. Atualmente, um terço da população mundial não possui nenhum desses sistemas de alerta para eventos climáticos, que se tornaram ainda mais violentos devido às mudanças climáticas. Na África, 60% da população não está coberta.

“Esta situação é inaceitável”, declarou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, indignado, apresentando o seu plano de cobertura no Dia Meteorológico Mundial.

“O desequilíbrio climático de origem humana está causando danos em todas as regiões do mundo”, lembrou o diplomata.

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“Metade da humanidade está em zonas de perigo” e “a frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos aumentarão à medida que o aquecimento global se intensificar”, alertou.

A maior autoridade da ONU pediu à Organização Meteorológica Mundial (OMM) que faça um esforço e apresente um plano de ação até o final do ano, que deverá ser apresentado na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, no Egito.

DINHEIRO BEM INVESTIDO

O custo projetado do plano será de cerca de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,26 bilhões). Dinheiro bem investido, segundo a ONU, levando em conta os danos causados por secas, chuvas fortes ou tornados, ciclones e outros furacões.

A utilidade desses sistemas foi demonstrada em todos os lugares em que foram instalados, pois permitem que as autoridades preparem melhor as operações de resgate, limitem possíveis danos e permitam que as populações se protejam.

“O fortalecimento das capacidades de previsão está ajudando todos a desenvolver sua capacidade de agir”, enfatizou Guterres.

“Sistemas de alerta rápido salvam vidas. Vamos agir de forma que todos os países se beneficiem deles”, garantiu.

Para Petteri Taalas, que dirige a OMM, o retorno do investimento em tais sistemas está entre os mais altos de todos os projetos de adaptação às mudanças climáticas atualmente.

FALTA DE DADOS NA ÁFRICA

De acordo com uma declaração da OMM, o número de desastres registrados aumentou cinco vezes entre 1970 e 2019, devido às mudanças climáticas e ao número crescente de eventos climáticos extremos.

Mas “graças a melhores [sistemas] de alerta, o número de vidas salvas quase triplicou no mesmo período, como resultado de uma previsão meteorológica mais eficaz e uma gestão de desastres ativa e coordenada”, enfatiza o comunicado.

Destroços de casas são vistoi em imagem aérea após passagem de tornados por Jefferson City, Missouri
Destroços de casas são vistoi em imagem aérea após passagem de tornados por Jefferson City, Missouri (Drone Base/Reuters)

De acordo com algumas estimativas, avisar com 24 horas de antecedência a chegada de uma tempestade ou onda de calor reduz os danos em quase um terço.

Mas, na África, há um forte contraste com a parte ocidental, mais bem equipada, assim como os países costeiros como o Quênia ou Marrocos; e o centro, que sofrem com o déficit de dados.

“Não podemos nos adaptar ao que não conhecemos”, disse Mohamed Adow, fundador do “think tank” (tanque de reflexão) Power Shift Africa, à AFP, no início de março.

“Como criar um sistema de alerta antecipado para eventos climáticos extremos se não tivermos dados?”, indagou.

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