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Patrimônio tombado, Centro Histórico perde potencial turístico por conta do abandono de governantes
Arredores do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, em Manaus (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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17 de novembro de 2022
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS — O Centro Histórico de Manaus, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2012, e pelo Ministério do Turismo, em 2021, tem construções datadas dos tempos áureos da borracha, no final do século 20, que convivem em meio a construções modernas.
Desde a orla do Rio Negro até os arredores do Teatro Amazonas, o Centro Histórico é onde sustenta a maioria dos museus de Manaus, além do enorme complexo de lojas comerciais. Palco de eventos culturais importantes para a economia, como o Festival Sou Manaus Passo a Paço e a Virada Cultural, o local ainda necessita de atenção.
Saindo das zonas mais movimentadas do Centro, existem casas e prédios antigos da era da borracha, que seguem com a fachada preservada, mas em seu interior é possível notar o abandono e a degeneração dos empreendimentos.
Conforme a turismóloga, docente do Curso de Turismo da UEA e coordenadora do Observatório de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Márcia Raquel Cavalcante Guimarães, é preciso focar na qualidade da experiência para tornar Manaus atrativa.
“É fundamental olharem para o Centro Histórico de Manaus com mais atenção. Quase 90% dos nossos atrativos da cidade concentram-se lá. E, hoje, o Centro Histórico não tem segurança, mal iluminado, entregue ao vandalismo, prostituição e usuários de drogas“, pontua a especialista.
Segundo Márcia, é preciso dar um “choque de ordem” no Centro Histórico, de modo a proporcionar novas experiências turísticas, que não sejam apenas nas datas de festividades. Para ela, é preciso proporcionar novas experiências turísticas, com segurança e com um olhar interpretativo ao patrimônio histórico-cultural.
Praça 5 de Setembro, mais conhecida como Praça da Saudade (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Entre esses desafios, Márcia destaca a falta de incentivos para fazer com que o visitante queira permanecer na cidade. Além do turismo de selva e aventura, é preciso voltar o olhar para as atrações na zona urbana de Manaus.
“Mas para isso acontecer, precisamos de um plano de desenvolvimento turístico para o Estado e para a capital (indutora do turismo no Amazonas), baseado em números, dados e projeções para o correto planejamento e Ordenamento da atividade turística no Amazonas“, explica.
Conforme dados do Observatório de Turismo da UEA, no ano de 2021, o mês com maior receita gerada pelo Turismo em Manaus foi em setembro. Segundo o relatório divulgado em março de 2022, a movimentação foi de R$ 737.999,90 naquele mês, dado parecido com o de 2019, antes da pandemia, quando a capital amazonense arrecadou R$ 647.459,75, em agosto daquele ano. Já o mês de janeiro de 2021, considerando a situação pandêmica, a capital registrou a menor receita, com R$ 230.481,83.
Antiga sede da Escola Superior da Magistratura do Amazonas (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Em 2020, o pico ocorreu em fevereiro, quando o Turismo, em Manaus, gerou R$ 554.556,22 de receita. O menor dado registrado naquele ano ocorreu em abril, após o aumento de casos na primeira onda da Covid-19, a capital arrecadou R$ 102.139,15 com turismo.
Segundo a especialista, o Amazonas ainda não utilizou suas potencialidades turísticas. Ela cita que os setores de turismo de aventura, eventos, setor cultural e de pesca esportiva ainda são subaproveitados.
“É preciso focar em novos produtos turísticos para que o visitante possa gerar mais gastos e consequentemente receita turística“, diz.
Prédios Históricos destruídos pelo abandono (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Destino Turístico
Em setembro, o ministro do Turismo, Carlos Alberto Gomes de Brito, esteve em Manaus para participar de agenda ao lado do da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur). Na ocasião, Brito lamentou a troca da Amazônia pelo exterior como opção para quem deseja viajar.
“É inadmissível que as pessoas prefiram ir para o exterior e não conheçam a Amazônia, onde nós estamos muito próximos, mas, às vezes, não estamos aproveitando“, disse o ministro.
Conforme o presidente da Amazonastur, Gustavo Sampaio, o investimento do governo do Estado no setor nos últimos quatro anos totalizou, aproximadamente, R$ 105 milhões aplicados para fomentar o turismo como vetor de desenvolvimento socioeconômico no Estado. Conforme o gestor, o investimento no segmento subiu de R$ 22 milhões, em 2019, para R$ 32 milhões somente no primeiro semestre de 2022.
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