Perto do período de vazante, nível do rio Negro permanece estável pelo sétimo dia em Manaus
12 de junho de 2021

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – O nível do rio Negro permaneceu estável neste sábado, 12, com 30 metros. É o sétimo dia seguido que a cota da água registra a mesma medição. A estagnação ocorre prestes ao período de vazante, previsto pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) para a próxima semana. A marca registrada é a maior desde o início da série histórica que faz as medições, em 1902.
O rio se igualou à cheia recorde de 2012, no dia 30 de maio deste ano, ao chegar à marca de 29,97 metros. No dia 1º de junho, o rio subiu um centímetro e atingiu 29,98 metros. Três dias depois, o rio apresentou um novo aumento e chegou aos 29,99 metros. Desde o dia 5 de junho, no entanto, o nível da água não sobe e nem desce.

“A tendência de estabilização nesta semana já havia sido antecipada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Para os próximos dias, a previsão é que se inicie o processo de vazante, sem indicação de repiquete, que é quando o rio volta a subir depois de estar estabilizado”, informou o CPRM.
Mesmo com a estagnação, os efeitos da cheia ainda são sentidos em Manaus, onde mais de 24 mil pessoas em 15 bairros estão sofrendo com os impactos da subida do rio. Já em todo o Amazonas, segundo dados da Defesa Civil do Estado, 58 dos 62 municípios estão alagados, e 414.371 pessoas estão afetadas.
Chuva, fenômeno La Ninã
Os recordes atingidos neste ano foram decorrentes da forte onda de chuva nas bacias dos rios no Amazonas, segundo especialistas em clima e meteorologia. O fenômeno La Ninã também contribuiu, por conta de ele ser o responsável por resfriar as águas do Oceano Pacífico e fazer com que a zona de formação de nuvens seja empurrada para áreas mais ao norte da região amazônica, onde se concentra o fluxo de umidade.
No mês de maio, conforme o meteorologista do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Renato Cruz Senna, o evento climático La Ninã terminou e o Oceano Atlântico entrou numa condição de normalidade, fazendo com que haja redução de chuvas.
“A água já começa a aparecer mais fria no Atlântico e, nos próximos meses, a condição de normalidade deve prevalecer no Pacífico. Entretanto, o fim do fenômeno La Niña não significa o imediato retorno ao volume normal [para o período] de chuvas. Isso ainda leva um pouco de tempo”, esclareceu Senna.