Pesquisa aponta que brasileiros confiam mais nos EUA do que os próprios americanos

Bandeiras dos Estados Unidos em Washington, capital do país, com o Capitólio ao fundo (Samuel Corum/AFP)
Da Revista Cenarium*

WASHINGTON – O Brasil mantém uma visão largamente favorável aos EUA, muitas vezes mais otimista até do que a forma como os próprios americanos veem o país, segundo pesquisa do instituto Pew publicada nesta terça-feira, 27. O levantamento ouviu 27 mil adultos em 23 nações e apontou que, no Brasil, 63% da população tem uma visão favorável aos Estados Unidos, acima da média global, de 59%, com mais confiança nas intenções do país no mundo, na democracia, no Exército e até na produção cultural e intelectual americana.

Esse apego pelos americanos vem ao menos desde 2010, quando a Pew passou a colher a opinião dos brasileiros, sempre com ao menos metade da população favorável aos EUA. A pesquisa também ouviu adultos entre fevereiro e maio no Canadá, na França, na Alemanha, na Grécia, na Itália, no Japão, na Holanda, na Coreia do Sul, na Espanha, na Suécia, no Reino Unido, na Hungria, na Polônia, na Índia, na Indonésia, em Israel, no Quênia, na Nigéria, na África do Sul, na Argentina, no México e na Austrália.

Assim, parece ter funcionado o investimento que os americanos vêm fazendo ao longo do último século em “soft power” —ou poder brando, conceito da teoria das relações internacionais que explica a influência de um país sobre outros em geral a partir de parâmetros culturais, em oposição ao “hard power” (poder duro), em que a persuasão é exercida pela força ou por capacidade econômica.

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Mesmo que o Brasil tenha uma poderosa indústria televisiva, com exportação de novelas para todos os cantos do mundo, e músicos de renome internacional, para 48% dos brasileiros entrevistados os Estados Unidos produzem o melhor entretenimento do planeta nas áreas de cinema, música e televisão. Do outro lado, apenas 30% dos americanos ouvidos pela Pew concordam com essa afirmação.

As universidades americanas também estão muito bem na visão dos brasileiros: 51% dizem acreditar que o ensino superior nos EUA é o melhor do mundo, enquanto 15% dos americanos deram a mesma resposta. Nesse caso, rankings internacionais costumam apontar prevalência de instituições americanas. No Times Higher Education deste ano, são 34 universidades dos EUA entre as 100 melhores do mundo, acima de outras potências acadêmicas como Reino Unido (10), Alemanha (9) e China (7).

O padrão de vida nos EUA e os avanços tecnológicos do país também são melhor avaliados pelos brasileiros do que pelos próprios americanos. O único critério da pesquisa em que a avaliação é quase igual é em relação à opinião sobre os militares dos EUA, que são os melhores do mundo para 41% dos brasileiros e 40% dos americanos.

Há também bastante esperança entre os brasileiros nas instituições do norte: 38% juram que os EUA são mais estáveis politicamente que outros países ricos, número que cai para 23% entre os próprios americanos —que viram suas últimas eleições presidenciais contestadas pelo presidente no poder e tiveram o Legislativo invadido. Além disso, para 44% dos brasileiros, os EUA são um país menos inseguro que outras nações ricas, enquanto apenas 28% dos americanos pensam assim.

Não está de todo perdida a autoestima dos americanos, porém, que dizem ser mais democráticos (42%) e tolerantes (44%) do que outras nações.

Quando se olha o papel que os EUA ocupam no mundo, os americanos também costumam se ver mais como mocinhos, enquanto a média dos outros países pensa de maneira diferente. Para 69% dos americanos, os EUA contribuem para a paz e estabilidade global, número que cai para 61% na média global —entre brasileiros, 64% têm essa opinião. Enquanto isso, 71% dos americanos dizem que seu país leva em conta os interesses de outras nações ao tomar decisões, mas menos da metade do restante do mundo concorda com isso (49%).

Mesmo que a China seja o principal parceiro comercial do Brasil há 14 anos e apesar de esforços do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em acenar para o outro lado do mundo, a opinião pública ainda considera os EUA mais relevantes economicamente (segundo 42%) do que os chineses (30%). É um número próximo à média global (41% e 33% respectivamente). Mas essa proporção se inverte em países próximos de Pequim, como a Austrália (39% citam os EUA, e 50%, a China), e algumas nações europeias, como Itália, Espanha, Grécia, Alemanha e França. Até no Reino Unido as opiniões são divididas: 40% citam os EUA e também 40% citam a China como principal potência econômica global.

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