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PF avança em investigação sobre financiadores dos atos golpistas
Apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro analisando camisa (Reprodução/O Tempo)
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13 de fevereiro de 2024
Jefferson Ramos – Da Revista Cenarium*
MANAUS (AM) – A investigação da Polícia Federal (PF) reúne provas que apontam com mais elementos que a organização dos atos antidemocráticos que culminaram na invasão da sede dos Três Poderes não foi espontânea como os investigados alegam.
Documentos da PF e pareceres da Procuradoria-Geral da República (PGR) que embasaram a operação Tempus Veritatis, deflagrada na quinta-feira, 8, apontam que empresários do setor agropecuário e militares atuaram para fomentar ações golpistas, como, por exemplo, o bloqueio de estradas que tomaram conta do País após o anúncio pela Justiça Eleitoral da vitória de Lula.
Em novembro de 2022, a REVISTACENARIUM revelou os nomes de cinco financiadores do acampamento montado em frente à unidade do Exército, no Amazonas, sediada em Manaus.
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Diálogos obtidos pela PF mostraram que, em novembro de 2022, o major Rafael Martins de Oliveira pediu orientação a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL) para direcionar ato em Brasília para as sedes do Congresso e STF, conforme revela reportagem de O Globo.
Na conversa, apreendida pela PF, Cid e Rafael discutiram o envio de R$ 100 mil para bancar o transporte de “pessoas” do Rio a Brasília, após o auxiliar de Bolsonaro pedir uma estimativa de custos com hospedagem, alimentação e material.
Em outro diálogo, enviado ao general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, Mauro Cid diz que “empresários do agro que estão financiando, colocando carro de som em Brasília”, tiveram bens bloqueados.
Empresários do Amazonas
No Amazonas, a Polícia Federal informou que cumpriu um mandado de busca e apreensão, um mandado de busca pessoal e uma intimação para medidas coercitivas. Duas pistolas, dois aparelhos celulares, dois notebooks e dez pen drives foram apreendidos. De acordo com o órgão, não ocorreu prisão.
Conforme apurado à época, existem outras empresas envolvidas em doações e no financiamento das manifestações antidemocráticas em Manaus.
Ao chegarem ao local, a repórter Ívina Garcia e o fotojornalista Ricardo Oliveira registraram a entrega de doações realizadas por pessoas a bordo de um carro modelo Chevrolet S10 que abastecia os manifestantes com água e refrigerante.
A investigação da placa do veículo mostrou o envolvimento do empresário Ednei Rocha da Silva, dono da Elshaday Variedades e da Planet Pet Shop, empresas localizadas no bairro Armando Mendes, Zona Leste de Manaus.
A reportagem também teve acesso a um vídeo que mostra uma doação de fardos de água da empresa Tuboaços da Amazônia, que tem como sócios Fabiano Moreira Magalhães, Maria de Fátima Moreira e Sergiani Costa de Alcântara.
Nas imagens, um dos manifestantes declara ser “mais uma doação da Tuboaços“. O participante do ato pede para divulgarem o vídeo. “Compartilha aí que a Tuboaços é nossa amiga“, afirma. Assista a seguir.
A CENARIUM localizou um processo no nome de Fabiano Moreira Magalhães, movido pela Agência Nacional de Minério. De acordo com a ação, Fabiano foi multado por não pagamento ou pagamento fora do prazo legal da Taxa Anual por Hectare (TAH), que com os juros chega a R$ 5 mil.
O supermercado Baratão da Carne foi uma das primeiras empresas a realizar doação de alimentos e bebidas para os protestos antidemocráticos em Manaus, no dia 11 de novembro. O empresário Edilson Rufino, dono do supermercado, é citado em vídeos em que funcionários aparecem abastecendo um veículo de manifestantes com comidas e bebidas.
Doações realizadas pela empresa Jumar Indústria Comercio e Serviços Metalúrgicos, que tem como sócios os empresários Sardis Chaves Monteiro Junior e Ladilson Almeida Lima, também foram flagradas pela CENARIUM. Um caminhão carregado com fardos de bebidas foi enviado ao local.
Um veículo registrado em nome da empresa Portal Vidros também foi flagrado descarregando mantimentos na manifestação antidemocrática no Comando Militar da Amazônia. Registrada nos nomes dos sócios Tulhio Moreira Israel e Luiz Israel da Silva, a caminhonete preta foi vista realizando doações por moradores que enviaram a foto à reportagem.
Questionados pela CENARIUM, os manifestantes declararam que o ato era um movimento popular liderado pelo povo.
O financiamento de atos antidemocráticos é crime e pode levar à prisão dos doadores identificados. Conforme o Artigo 286 do Código Penal, quem “incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade” pode ser detido por três a seis meses, ou multado.
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