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PF estima que quadrilha extraiu 2 toneladas de ouro de terras indígenas na Amazônia
Delegado Vinícios de Paula (ao centro), à esquerda Delegado Adriano Sombra e à direita, delegado Domingos Sávio (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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20 de setembro de 2023
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – A Polícia Federal (PF) estima que a quadrilha envolvida na extração de ouro de terras indígenas, investigada na “Operação Emboabas”, deflagrada nesta quarta-feira, 20, no Amazonas, retirou ilegalmente duas toneladas do minério de terras indígenas no País, chegando a movimentar quase R$ 6 bilhões inadequadamente.
A operação no Amazonas teve como objetivo desarticular o esquema criminoso envolvendo mineração ilegal de ouro, lavagem de dinheiro, fraude em documentação e exportação ilegal do minério para a Europa. A PF também realizou outras duas investigações em Roraima e Tocantins, tendo como principal alvo o empresário Brubeyk Garcia Nascimento, que possuía três mandados de prisão expedidos pelas comarcas do Amazonas, Roraima e Tocantins, pelas atividades de mineração e exportação ilegal.
“Temos três investigações distintas com provas de que o principal alvo (Brubeyk) é efetivamente um grande contrabandista e comerciante de ouro. Os três inquéritos são complementares, mas envolvem esse alvo em comum”, ressaltou o delegado Regional de Polícia Judiciária (DRPJ), Domingos Savio.
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O esquema foi desmontado a partir de uma investigação que surgiu com a prisão de Brubeyk, em janeiro 2020. Ele e mais dois empresários americanos, identificados como Frank Giannuzzi e Steven Bellino, tentaram embarcar para Nova York com 35 kg de ouro amazônico na mala, o equivalente a R$ 11 milhões. A partir dessa prisão em flagrante, a Polícia Federal conseguiu identificar o esquema ilegal de extração de minério. Mesmo solto, Brubeyk voltou a atuar na mineração e exportação ilegal.
Brubeyk Garcia Nascimento, conhecido como “Goiás”, é empresário e CEO do Grupo Lobo Dourado, especializada em exportação de minérios, análise e refinamento de metais não ferrosos. Além de Brubeyk, outro empresário do ramo de mineração foi preso, que não teve o nome divulgado pela PF, mas afirmou se tratar de um executivo do ramo de mineração que atuava fraudando o processo de exportação.
A apuração indica que a organização criminosa extraía ouro de terras indígenas com dragas de garimpo ilegal, e fraudavam a permissão de lavra garimpeira (PLG) sobre a origem do minério. O grupo entregava documentos falsificados alegando ter extraído de áreas onde a exploração é permitida. Peritos da Polícia Federal identificaram que as áreas indicadas pelos criminosos não apresentavam registro de retirada do minério.
‘País independente’
O delegado chefe da Força-Tarefa de Segurança Pública Ambiental da Polícia Federal, Adriano Sombra, explicou que a organização “esquentava” o ouro com outro empresário austríaco, identificado como Werner Rydl. “Esse indivíduo possui um patrimônio declarado na Receita Federal de mais de R$ 20 bilhões em ouro. Então, foi identificado que ele utiliza essa quantidade exorbitante que ele afirma ter adquirido ao longo dos anos, para vender ouro como mercadoria para Brubeyk.“, explicou.
Werner alega ser fundador do “Seagarland”, país independente localizado há 20 quilômetros da costa brasileira, em águas internacionais, próximo à Foz do Amazonas. O território do suposto país independente possui uma área de 141.533 km². Rydl conseguiu registrar, em 2018, “Seagarland” como sua propriedade particular junto ao Ministério de Planejamento, na Secretaria do Patrimônio da União do Governo Michel Temer.
Além da fundação do Estado independente, Werner fundou a Seagar Gold Bank, a qual é responsável pela produção de vários minerais e possui moeda própria chamada de “Eternity”. A criação da moeda aconteceu a partir da retirada do transporte de montantes de ouro para a região.
Investigações em curso
Apesar do envolvimento, Rydl não foi preso. Mais informações sobre envolvidos e nomes não foram divulgadas, pois, segundo a PF, as investigações devem continuar. Ao todo, seis empresas foram alvos da operação e tiveram suas atividades empresariais bloqueadas por 180 dias. “São duas cooperativas, que afirmavam extrair ouro das PLGs, mas ficou comprovado que isso não acontecia, duas outras eram empresas inerentes a compra e venda de ouro e duas PLGs“, destacou o delegado da Polícia Federal, Vinicius de Paula.
“As investigações são distintas, mas as operações ao final pode haver um compartilhamento de provas colhidas em cada uma das operações, robustecendo o conjunto probatório e pode ou não aumentar os crimes pelos quais vão responder os investigados“, ressaltou.
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