‘Pirilampos’: HQ feita por tio e sobrinho desbrava Amazônia em aventura subaquática

A HQ será distribuída gratuitamente em cinco escolas estaduais e municipais de Manaus. (Arte: Leon Sarmento)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS — O ilustrador Leon Sarmento e o tio dele, o roteirista Rony Sarmento, lançam entre os meses de abril e março deste ano a História em Quadrinho (HQ) “Pirilampos”, uma aventura sobre um mergulhador de garimpo que desbrava a Amazônia em busca de pedras preciosas, mas que encontra, no fundo do rio, um mundo subaquático cheio de mistérios. O projeto foi contemplado pelo “Prêmio Amazonas Criativo 2021”, do Governo do Estado do Amazonas. A meta é que a obra seja distribuída gratuitamente em cinco escolas de Manaus.

“Para nós, foi uma surpresa imensa o projeto ser contemplado, pois foi a primeira vez que nos inscrevemos em um edital e fomos aprovados. O quadrinho está sendo desenvolvido em parceria com meu tio Rony Sarmento, que roteirizou o conto e me dá todo o suporte criativo na produção da obra. Estamos trabalhando diariamente para honrar o projeto e fazer a melhor versão dele, com o objetivo de representar os quadrinhos do Norte pelo Brasil”, contou Leon Sarmento.

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HQ mostra a história de um mergulhador de garimpo que luta pela sobrevivência no fundo do Rio Madeira (Arte: Leon Sarmento)

À REVISTA CENARIUM, Leon contou neste domingo, 27, que a distribuição da HQ será realizada com uma breve apresentação do projeto, visando incentivar a leitura dos quadrinhos entre as crianças e os adolescentes e despertar o interesse de quem já desenha. “Queremos abrir a mente da garotada para esse caminho, que existe uma carreira para quem gosta da nona arte, que pode-se viver por meio dessa trajetória”, reforçou o ilustrador.

As unidades educacionais que irão receber o quadrinho amazonense serão a Escola Municipal Deputado Federal Ulysses Guimarães, Escola Estadual Professor José Bernardino Lindoso, Escola Estadual Profº Juracy Batista Gomes, Escola Municipal São Judas Tadeu, na zona Norte, e Escola Estadual Monteiro de Souza, na zona Sul de Manaus.

HQ

Em 40 páginas, a obra mostra o mergulhador se deparando com uma vida selvagem subaquática no fundo do Rio Madeira, região do Amazonas onde é encontrada a maior quantidade de minério, ouro e pedras preciosas. O nome da história em quadrinho não foi por acaso: “pirilampos” é o mesmo que um vaga-lume, insetos que emitem uma luz bioluminescente e que, no conto, fazem referência à luminosidade de uma pedra preciosa e ao olho do jacaré, que brilha no escuro.

Olho do jacaré brilha como a luminosidade de um pirilampo no escuro (Arte: Leon Sarmento)

“O mergulhador acaba enfrentando alguns animais selvagens no fundo do rio, como o jacaré, e ele precisa lutar pela vida dele para poder sobreviver e chegar à superfície de novo. É uma história de sobrevivência que envolve grandes mistérios encontrados na profundidade do Rio Madeira”, descreveu o ilustrador Leon Sarmento.

Leon Sarmento conta, ainda, que Rony descreve, de forma detalhada, cada uma das cenas da HQ, assim como em um roteiro de cinema. “Foi uma mão na roda, só de ver já conseguia imaginar a cena e tornou mais fácil o processo do sketching (esboçar) o desenho”, declarou Leon.

Pirilampos é uma obra roteirizada por Rony Sarmento e ilustrada por Leon Sarmento (Arte: Leon Sarmento)

“Já o processo de ilustração das páginas foi bem trabalhoso e árduo, mas devido à colorização, pois fiz toda a parte do desenho e projeto gráfico. Passei várias madrugadas em claro, principalmente na parte final do projeto. Fiquei inquieto. Eu mais do que ninguém queria vê-lo pronto. Para mim, foi um grande desafio”, destacou o artista.

O ilustrador lembra que chegou a refazer várias páginas e descartar outras, por exigência do tio, para melhorar cada vez mais a obra. Leon fala ainda, em tom de brincadeira, que, por conta disso, agora consegue desenhar um jacaré com facilidade.

O mergulhador no fundo do Rio Madeira encontrando uma pedra preciosa (Arte: Leon Sarmento)

“Mas eu confesso que meu tio foi bem exigente quanto à qualidade das ilustrações, dos planos, ângulos e enquadramento. Ele me apresentava várias imagens, com referências de vários planos fotográficos diferentes, me ajudando a enxergar melhor por meio da sua visão original e o que ele realmente queria passar com o roteiro”, frisou Leon.

Campus Party

À princípio, o projeto foi pensado para ser um painel para a versão digital de 2021 da Campus Party, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo que promove debates, palestras e atividades online. A obra seria apresentada em formado de storyboard, ou seja, como um guia visual ilustrado que mostra as principais cenas de um produto audiovisual, mas empecilhos com a internet local de Manaus impediram que Leon e Rony Sarmento entregassem o material em tempo hábil.

“Fizemos o projeto bem em cima da hora, meu tio acabara de enviar o roteiro na época e eu resolvi inscrever como storyboard apenas, pois conseguiria concluir a tempo e não precisaria finalizar nada. Apenas entregaria os rascunhos e o projeto em sua forma mais crua. Nós inscrevemos a proposta, fomos selecionados, porém, no dia da apresentação, tivemos problemas com a conexão de internet. Na época minha provedora era a NET, que era muito ruim. Não podia chover ou fechar o tempo que o sinal começava oscilar e isso fez nossa apresentação afundar. Eu fiquei muito triste com essa situação e até pensei em desistir”, lembrou Leon Sarmento.

O ilustrador lembra que recebeu incentivo do tio para continuar com o projeto e para que, juntos, o aprimorasse. “Nós seguimos em frente e apareceu a oportunidade do edital, foi aí então que resolvemos nos inscrever. Agora, a ideia é expandir o projeto, levar conosco para os eventos, para as bancas parceiras daqui de Manaus e tentar a Comic Con”, destacou.

Arte em família

Aos 27 anos, Leon Sarmento é cartunista, quadrinista e designer amazonense. Também é coautor da história em quadrinho “Super Vovô” e autor do jogo de RPG “Ubiratã”, que faz homenagem à cultura amazônica, à mitologia indígena e ao folclore brasileiro. À CENARIUM, o ilustrador conta que conheceu o mundo dos quadrinhos ainda criança, por meio das produções que o tio colecionava.

Leon Sarmento e o tio Rony Sarmento (Arquivo Pessoal)

“Quando ele era mais jovem, meus pais saiam para trabalhar, me deixavam na casa da minha avó. Lá, lembro-me até hoje de ter acesso a títulos como “Elektra Assassina”, “A Queda de Murdock”, “Wolverine Arma X”, “Ronin”, “Piratas do Tietê”, entre outros. Ainda criança eu tive acesso a esses títulos. Lembro-me das imagens fortes, me apaixonei, pelos desenhos, formas e cores, tentava desenhar alguns dos personagens, foi aí que meu tio passou a comprar livros que traziam guias de ensino da arte do desenho, naquela época não era tudo acessível pela internet como hoje”, finalizou ele.

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