Polícia identifica empresário envolvido em fraude de títulos de terra no AM
30 de setembro de 2021
Delegado Guilherme Torres, da Especializada em Combate à Corrupção (Deccor) falou sobre a operação. (Divulgação)
Marcela Leiros – Da Cenarium
MANAUS – Um empresário do setor pesqueiro no Amazonas foi identificado como um dos envolvidos na fraude de documentos para obtenção de títulos definitivos de terra no Estado. A investigação da Polícia Civil, no âmbito da Operação Gleba, deflagrada nesta quinta-feira, 30, indicou que José Erivaldo adquiriu um terreno de 11 mil metros quadrados e dividiu o imóvel entre 11 pessoas. Servidores da Secretaria de Estado das Cidades e Territórios (Sect) também estão envolvidos no esquema ilegal, segundo a polícia.
Essa é a segunda fase da operação. Na primeira, realizada em maio deste ano, foram identificados os servidores que participaram do esquema e, nesta fase, foi identificado o empresário. “Só é possível regularizar terrenos até um mil metros quadrados. Ele fracionou o terreno em 11 partes para funcionários, alguns ganham R$ 1,5 mil de salário, além de seus filhos, prestadores de serviço, ex-esposa… Já recebemos várias denúncias em relação a esse empresário”, destacou o delegado da Delegacia Especializada em Combate à Corrupção (Deccor), Guilherme Torres.
O delegado afirmou que, quando interrogado, o empresário disse que não sabia afirmar o valor ou de quem teria comprado o terreno. Depois, afirmou que o dono anterior da propriedade já teria morrido. Ainda segundo Torres, a própria Sect e o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) solicitaram a investigação do esquema ilegal. Ainda há outras quatro investigações envolvendo a titulação ilegal de terrenos no Amazonas, em andamento.
Um valor em euro e os títulos do terreno, que foi desmembrado, foram apreendidos durante a operação. (Divulgação/ PC-AM)
Em família
O terreno, que fica localizado próximo à Avenida das Torres, em Manaus, foi desmembrado e entregue às pessoas próximas do empresário a “título de gratidão”. A Polícia Civil ainda investiga um terreno no município de Barcelos (a 401 quilômetros de Manaus), cujo título definitivo pôde ter sido obtido da mesma forma pelo empresário.
As investigações iniciaram em 2020 após denúncias feitas à Polícia Civil do Amazonas. Além dos servidores, um ex-funcionário – exonerado em agosto de 2020 – foi um dos alvos. O suspeito utilizava um crachá para se identificar como funcionário público e captar compradores de terras.
Nesta quinta-feira, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão. Um valor em euro, ainda não informado pela polícia, e os títulos do terreno, curiosamente, em nome do empresário, foram apreendidos. Os investigados serão indiciados por falsidade ideológica.
Resposta
Em nota, a Secretaria das Cidades e Territórios esclareceu a área em questão pertencia ao Estado e foi destacada do patrimônio público em dezembro de 2018, no governo anterior. No caso desta investigação, a prática de ter a aprovação da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) para a regularização da área de 11 mil metros não foi adotada em 2018, “fugindo completamente do cronograma que deve ser seguido para que o documento tenha veracidade, legitimidade e autenticidade”.
“Várias etapas do procedimento administrativo foram negligenciadas, como vistoria topográfica, vistoria socioeconômica, abertura de prazo para o contraditório, sentença validando todo o procedimento, avaliação do imóvel em preços reais e encaminhamento para a Procuradoria-Geral do Estado, para posterior emissão do título e conclusão do processo”, destaca o documento.
Quanto aos títulos emitidos, dois foram levados a registro em cartório e os outros 9 não. Esses serão cancelados administrativamente, voltando de imediato ao patrimônio do Estado e os outros dois serão remetidos à Procuradoria-Geral do Estado (PGE). A Sect ainda esclareceu que não compactua com ações criminosas e trabalha em conjunto com a Deccor.
A secretaria ainda pontuou que nenhum dos servidores identificados e apontados como envolvidos no esquema ilegal, até o momento, continuam trabalhando na pasta.
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