Poliomielite: campanha nacional de vacinação contra doença começa nesta segunda-feira, 8

Criança é imunizada no último dia de vacinação contra o sarampo e a pólio no CMS Heitor Beltrão, na Tijuca Gabriel de Paiva
Com informações do Infoglobo

MANAUS – Começa nesta segunda-feira, 8, a campanha nacional de vacinação com foco na prevenção da poliomielite. A ação acontece em meio a queda da cobertura vacinal nos últimos anos e ao aparecimento da doença em outros países como Estados Unidos, Reino Unido, Israel e África. A mobilização começa hoje e vai até o dia 9 de setembro.

No Brasil, o esquema de vacinação contra a pólio é composto de cinco doses. As três primeiras são feitas com a vacina de vírus inativada. Ela é aplicada via injeção aos 2, 4 e 6 meses de idade e protege contra os três tipos conhecidos desse vírus. Para completar, devem ser dadas duas doses de reforço com a vacina atenuada, a famosa gotinha. A primeira, entre os 15 e os 18 meses de idade e, a última, aos 4 anos idade.

A campanha que começa nesta segunda-feira terá essas doses e o reforço em gotas. Todas as crianças de 1 a 4 anos que já tomaram as três primeiras doses injetáveis estão aptas para a vacinação. Estima-se que mais de 14 milhões de crianças poderão se vacinar dentro deste período.

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A pólio está oficialmente eliminada do Brasil e das Américas desde 1994, entretanto devido às baixas taxas de vacinação, o risco de retorno da doença nunca esteve tão alto. Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), o país não cumpre desde 2015, a meta de imunizar 95% do público-alvo, patamar necessário para que a população seja considerada protegida contra a doença. Em 2021, por exemplo, a cobertura vacinal com as três doses foi de apenas 67%. As doses de reforço são ainda menores com apenas 52% das crianças imunizadas.

Em maio, epidemiologistas da Fiocruz já alertavam para a reintrodução da doença no país devido à baixa adesão à vacinação.

— Enquanto a poliomielite existir em qualquer lugar do planeta, há o risco de importação da doença. É um vírus perigoso e de alta transmissibilidade, mais transmissível do que o Sars-CoV-2, por exemplo. Estamos com sinal vermelho no Brasil por conta da baixa cobertura vacinal, e é urgente se fazer algo. Não podemos esperar acontecer a tragédia da reintrodução do vírus para tomar providências — disse na época o epidemiologista Fernando Verani.

Por causa dos baixos índices, o Brasil foi incluído pela Organização Panamericana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial de Saúde (OMS), na lista dos oito países da América Latina com alto risco de volta da infecção.

Além da vacina contra a polio, os cerca de 40 mil postos em todo o país vão aplicar todas as vacinas que fazem parte do calendário de crianças e adolescentes menores de 15 anos, como as da hepatite A e B, Penta (que previne contra difteria, tétano, coqueluche, meningite), febre amarela, tríplice viral, HPV, entre outras. AS vacinas contra a Covid também farão parte da campanha.

Risco mundial

Em julho, o estado de Nova York detectou o primeiro caso de poliomielite em mais de dez anos. O paciente foi identificado como um homem adulto não vacinado residente do condado de Rockland.

O departamento de saúde de Nova York afirmou que a transmissão ocorreu por alguém que recebeu a vacina oral contra a doença, que não é administrada nos EUA desde 2000 — pessoas que recebem a vacina oral, que contém uma versão enfraquecida do vírus, podem transmiti-lo para pessoas não vacinadas.

O último caso registrado de poliomielite nos Estados Unidos foi em 2013. O paciente foi infectado com o vírus no exterior. Não há um caso originário da doença no país desde 1979, quando ela foi considerada eliminada, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Além desse caso registrado nos Estados Unidos, Israel apresentou uma série de infecções no início do ano e o vírus foi encontrado no Reino Unido pela primeira vez em quarenta anos. Também houve um surto da doença no Malawi, na África, após a infecção de uma criança de 3 anos pelo poliovírus selvagem tipo 1.

Sintomas

A pólio é muitas vezes assintomática e as pessoas podem transmitir o vírus mesmo quando não pareçam doentes. Mas também pode produzir sintomas leves, semelhantes aos da gripe, que podem levar até 30 dias para aparecer, acrescentaram as autoridades.

Pode atacar em qualquer idade, mas a maioria das pessoas afetadas são crianças de até quatro anos de idade.

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