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Polo Industrial busca recuperação de perdas no pós-pandemia; floresta Amazônica é ameaçada por exploração agressiva
Parque industrial de Manaus concentra um conjunto de fábricas que respondem por grande parte da economia do norte do país e é um dos principais indutores de proteção à floresta (Reprodução/Internet)
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01 de julho de 2020
Mencius Melo – da Revista Cenarium
MANAUS – Especialistas analisam o cenário pós-pandemia no Polo Industrial de Manaus (PIM), que ainda contabiliza perdas econômicas causadas pela Covid-19. Para eles, o parque formado por mais de 500 indústrias precisa se reinventar para fugir do capitalismo predatório, onde a atividade fabril na capital amazonense daria lugar a intensa exploração agressiva da floresta.
Informações da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) declaram que o PIM obteve um faturamento estimado de R$86,78 bilhões, recolhido entre os meses de janeiro e outubro de 2019. Com a redução não contabilizada, iniciativas para exploração de madeira, garimpo, bem como pecuária extensiva poderiam ganhar status de alternativa econômica.
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Segundo o economista e deputado estadual, Serafim Correa (PSB) a fragilidade do único modelo que sustenta as florestas do Amazonas não deve apresentar perspectiva positiva para os próximos meses.
“A recessão atinge em cheio o PIM porque nossos produtos são do campo do entretenimento, como celulares, motocicletas e eletroeletrônicos, não são bens de primeira necessidade. Manaus concentra um polo que garante a floresta em pé, a questão é que quando o Brasil gripa, Manaus pega uma pneumonia”, alegorizou.
Êxodo reverso
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimam que Manaus concentra 2.182.763 habitantes, sendo a maior concentração populacional de uma cidade na Amazônia. Tal característica se deve ao conjunto de indústrias parqueadas na capital amazonense.
Serafim Corrêa explica que caso a cidade não consiga conter a onda de desempregados, não terá outra alternativa, senão migrar para o interior. “Se este arranjo continuar se desestruturando o homem partirá para o interior, em uma espécie de ‘êxodo reverso’ tendo as árvores como primeiro alvo de sobrevivência econômica”, alertou.
Comércio, indústria e agropecuária
O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), Nelson Azevedo, faz uma análise de conjuntura relembrando a histórica marca da geoeconomia brasileira. “Nunca vivemos um momento como esse, dentro de uma realidade que une recessão econômica e pandemia, uma crise de proporções mundiais. Infelizmente sempre fomos tratados como o ‘quintal do Brasil’, o problema é que nesse quintal, está concentrada a maior riqueza biológica do país que é a floresta amazônica”, atentou.
No final dos anos 1960 quando se iniciou o processo de implantação da Zona Franca de Manaus (ZFM), o tripé ‘comércio, indústria e agropecuária’ era o norte do projeto. “Com o passar do tempo o comércio perdeu força, a indústria se fortaleceu e o agro nunca chegou a ser implantado”, relembrou Azevedo.
Para ele, a ausência desse terceiro setor, causou a falta de diálogo entre o modelo ZFM e a floresta amazônica. “Esse diálogo é fundamental e passados mais de 50 anos de ZFM, o governo do Estado do Amazonas, o governo federal e a Suframa, ainda não conseguiram repactuar dentro da visão agro, para podermos usar a floresta de forma responsável, nunca é tarde para recomeçar”, otimizou.
Superintendência da ZFM
A coordenadora-geral de estudos econômicos e empresariais da Suframa, Ana Maria Souza, endossa os discursos anteriores, afirmando que os próximos dias darão um panorama exato do estrago. “O quadro recessivo impacta diretamente na ZFM porque nosso polo consumidor está concentrando no sul e sudeste, ou seja, nosso mercado é interno. No início de julho é que vamos saber a exata dimensão de como se comportou essa produção que recuou aproximadamente 30% a 33%”, previu.
Ainda segundo ela a relação ‘PIM – Floresta’ é indissociável. “A gente percebe que quando a indústria do Amazonas recua, naturalmente gera desemprego e isso causa um quadro danoso ao meio ambiente do Amazonas”, lamentou.
A coordenadora, no entanto, aponta que a Suframa tenta fazer sua parte. “Buscamos investimentos voltados para o agronegócio, voltados para as potencialidades que o estado do Amazonas naturalmente possui, como investimento em projetos de laticínio ou outros produtos próprios e característicos da região amazônica. Nossa intenção é induzir novos vetores econômicos atrelados ao PIM’, finalizou a coordenadora.
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