Por dia, 11 mulheres são vítimas de violência no Amazonas apenas em 2023


18 de junho de 2023
Um total de 1.899 mulheres foram vítimas de violência em 2023 (Reprodução)
Um total de 1.899 mulheres foram vítimas de violência em 2023 (Reprodução)

Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – Um total de 1.899 mulheres já foram vítimas de violência de gênero em todo o Amazonas. É o que aponta o monitoramento da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Drª. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP/AM).

De janeiro a 15 de junho, última atualização do painel, cuja inserção de dados é mensal, os registros indicam, em média, 11 vítimas por dia. Dos 62 municípios do Estado, 56 integram o acompanhamento feito pelo órgão.

A REVISTA CENARIUM listou o ranking das dez cidades mais violentas para a população feminina do território amazonense, de acordo com os casos notificados por município. A faixa de idade das vítimas vai de menores de um ano a maiores de 59 anos.

Ranking

Capital do Amazonas, Manaus já registrou, em 166 dias do ano, 441 ocorrências de violência contra a mulher, ou seja, no mínimo, são dois casos por dia. Em seguida, estão as cidades de Manacapuru (156), Tefé (11), Coari (95) e Maués (91).

O ranking também inclui: Borba (72), Itacoatiara (71), Benjamin Constant (63), São Gabriel da Cachoeira (58) e Parintins (52). Dos quatro primeiros meses completos de 2023, o mês de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, foi o mais violento, com 396 notificações.

Ranking dos municípios com mais registros de violência contra a mulher no Amazonas (Thiago Alencar/Revista Cenarium)

Idade

O monitoramento da violência contra a mulher, feito pela FVS-RCP/AM, também detalha a incidência por idade das vítimas, que vão desde crianças a mulheres idosas. Dos 1.899 casos registrados até 15 de junho deste ano, 808 envolvem a população feminina da faixa de 10 a 19 anos.

Mulheres de 20 a 39 anos somam 607 registros. As demais notificações, por idade, representam vítimas das seguintes parcelas: 40 a 49 anos (162); 1 a 4 anos (101); 5 a 9 anos (96); maior de 59 anos (64); menor de 1 ano (61).

Imagem ilustrativa de violência no contexto doméstico (Reprodução/Adobe Stock)

Invisibilidade

A advogada e presidenta do Instituto As Manas, Amanda Pinheiro, acompanha casos de violência contra a mulher em todo o Amazonas há três anos. À CENARIUM, ela afirmou que a subnotificação é um problema ainda maior nos municípios do interior do Estado.

“Infelizmente, a pauta dos direitos da mulher é invisibilizada, utilizada apenas como palanque eleitoral.
As mulheres vítimas de violência no interior do Estado, em muitas situações, precisam vir para Manaus registrar uma ocorrência”
, disse.

A advogada e presidenta do Instituto As Manas, Amanda Pinheiro (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Ainda de acordo com a ativista, a não efetivação de registros se dá pela falta de equipamento especializado para atender as vítimas. “Em muitos lugares, o protocolo da rede de enfrentamento não é seguido, até mesmo por falta de capacitação dos agentes locais”, afirmou.

Combate

No ano passado, durante a conferência anual da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, avaliou que a violência contra mulheres e meninas pode ser a “pandemia mais longa e mortal do mundo”.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres (Reprodução/ONU/Jean Marc Ferré)

O líder da organização disse ainda que este flagelo foi criado por homens e, por isso, eles têm o papel de contribuir para o fim da violência de gênero. Guterres lembrou, também, que uma mulher é morta a cada 11 minutos por um parceiro ou membro da família.

“Não podemos aceitar um mundo em que metade da humanidade esteja em risco nas ruas, em suas casas ou on-line. Devemos acabar com a violência contra mulheres e meninas, agora”, defendeu Guterres. Para ele, é preciso mudar “os corações e mentes de homens e meninos”.

Leia mais: Caso de feminicídio destaca omissão em registros da violência no AM

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