Por dia, 11 mulheres são vítimas de violência no Amazonas apenas em 2023

Um total de 1.899 mulheres foram vítimas de violência em 2023 (Reprodução)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – Um total de 1.899 mulheres já foram vítimas de violência de gênero em todo o Amazonas. É o que aponta o monitoramento da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Drª. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP/AM).

De janeiro a 15 de junho, última atualização do painel, cuja inserção de dados é mensal, os registros indicam, em média, 11 vítimas por dia. Dos 62 municípios do Estado, 56 integram o acompanhamento feito pelo órgão.

A REVISTA CENARIUM listou o ranking das dez cidades mais violentas para a população feminina do território amazonense, de acordo com os casos notificados por município. A faixa de idade das vítimas vai de menores de um ano a maiores de 59 anos.

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Ranking

Capital do Amazonas, Manaus já registrou, em 166 dias do ano, 441 ocorrências de violência contra a mulher, ou seja, no mínimo, são dois casos por dia. Em seguida, estão as cidades de Manacapuru (156), Tefé (11), Coari (95) e Maués (91).

O ranking também inclui: Borba (72), Itacoatiara (71), Benjamin Constant (63), São Gabriel da Cachoeira (58) e Parintins (52). Dos quatro primeiros meses completos de 2023, o mês de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, foi o mais violento, com 396 notificações.

Ranking dos municípios com mais registros de violência contra a mulher no Amazonas (Thiago Alencar/Revista Cenarium)

Idade

O monitoramento da violência contra a mulher, feito pela FVS-RCP/AM, também detalha a incidência por idade das vítimas, que vão desde crianças a mulheres idosas. Dos 1.899 casos registrados até 15 de junho deste ano, 808 envolvem a população feminina da faixa de 10 a 19 anos.

Mulheres de 20 a 39 anos somam 607 registros. As demais notificações, por idade, representam vítimas das seguintes parcelas: 40 a 49 anos (162); 1 a 4 anos (101); 5 a 9 anos (96); maior de 59 anos (64); menor de 1 ano (61).

Imagem ilustrativa de violência no contexto doméstico (Reprodução/Adobe Stock)

Invisibilidade

A advogada e presidenta do Instituto As Manas, Amanda Pinheiro, acompanha casos de violência contra a mulher em todo o Amazonas há três anos. À CENARIUM, ela afirmou que a subnotificação é um problema ainda maior nos municípios do interior do Estado.

“Infelizmente, a pauta dos direitos da mulher é invisibilizada, utilizada apenas como palanque eleitoral.
As mulheres vítimas de violência no interior do Estado, em muitas situações, precisam vir para Manaus registrar uma ocorrência”
, disse.

A advogada e presidenta do Instituto As Manas, Amanda Pinheiro (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Ainda de acordo com a ativista, a não efetivação de registros se dá pela falta de equipamento especializado para atender as vítimas. “Em muitos lugares, o protocolo da rede de enfrentamento não é seguido, até mesmo por falta de capacitação dos agentes locais”, afirmou.

Combate

No ano passado, durante a conferência anual da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, avaliou que a violência contra mulheres e meninas pode ser a “pandemia mais longa e mortal do mundo”.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres (Reprodução/ONU/Jean Marc Ferré)

O líder da organização disse ainda que este flagelo foi criado por homens e, por isso, eles têm o papel de contribuir para o fim da violência de gênero. Guterres lembrou, também, que uma mulher é morta a cada 11 minutos por um parceiro ou membro da família.

“Não podemos aceitar um mundo em que metade da humanidade esteja em risco nas ruas, em suas casas ou on-line. Devemos acabar com a violência contra mulheres e meninas, agora”, defendeu Guterres. Para ele, é preciso mudar “os corações e mentes de homens e meninos”.

Leia mais: Caso de feminicídio destaca omissão em registros da violência no AM
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