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Povos indígenas convocam mobilização contra o Marco Temporal em Manaus
Indígenas em protesto no centro de Manaus (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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29 de maio de 2023
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – Organizações indígenas e entidades sociais se mobilizam para um grande ato de pressão contra o Marco Temporal nesta terça-feira, 30, no Largo São Sebastião, no centro de Manaus. A REVISTA CENARIUM conversou com lideranças do ato, concentrado na capital do Estado com a maior população indígena do País.
Os manifestantes são contrários à tese que diz que os povos indígenas só têm direito à terra se já estavam ocupando no momento da promulgação da Constituição de 1988, que será levada a julgamento no dia 7 de junho pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a coordenadora da Makira Eta – Rede de Mulheres, Rosa Baniwa, é preciso pressionar a bancada amazonense no Congresso. “Inclusive, os nossos senadores, os quais são eleitos com votos dos indígenas em uma grande parcela dos municípios”, destacou.
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Para a líder indígena, existe uma frente contra as populações. “Empresários do agro, mineração e políticos de extrema-direita são os principais articuladores, financiadores, para que seja aprovado o Marco Temporal. Visando apenas o lucro que podem ter com essa tese”, criticou.
Configuração política
Segundo a professora Alva Rosa Tukano, é hora de trabalhar para que a configuração política do Amazonas mude em prol das populações indígenas. “Hoje, o movimento indígena do Amazonas está organizado, e uma das metas é eleger representante. Vamos realizar seminários para discussão sobre política partidária, assim, escolheremos, conscientemente, qual partido que luta pelo direito dos povos indígenas. Vamos discutir, também, coletivamente, o perfil das (os) candidatas (os) indígenas”, adiantou.
Revés orquestrado
Outra liderança envolvida na mobilização, a presidenta da Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam), Mariazinha Baré, avaliou a conjuntura nacional diante dos embates no Congresso.
“Os movimentos indígenas e ambientais sofreram um revés orquestrado, no Congresso Nacional, contra as ministras Sonia Gujajara e Marina Silva. Isso evidencia que é preciso fortalecer a luta no parlamento”, concluiu. Mariazinha também considera a representatividade. “É chegada a hora do movimento indígena do Amazonas eleger representantes federais ou isso é uma utopia?”, questionou.
Mariazinha Baré continuou a leitura política, onde diz que os povos indígenas devem ir além da ocupação dos espaços no parlamento. “A sociedade precisa mudar suas narrativas e conceitos sobre a importância da Amazônia e dos povos que vivem e defendem a vida, territórios e o ambiente para a humanidade”, exortou.
Questionada sobre uma possível derrota no STF, Baré considerou alternativas. “Apelar para a Corte Internacional e para o mundo sobre os impactos e danos negativos que o Marco Temporal causará, assim como outras pautas anti-indígenas e antiambientais que vêm causando e causarão prejuízos numa proporção maior para a Amazônia e a humanidade”, finalizou.
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